Outro estudante é investigado por incitar ataque em escola de Suzano
Este é o início da terceira fase do inquérito criminal, mirando em pessoas que não agiram diretamente, mas teriam dado incentivo
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de abril de 2019 às 09h05.
Última atualização em 23 de abril de 2019 às 16h38.
São Paulo - A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo investigam o aluno R.M.O., de 17 anos, suspeito de incitar o massacre na Escola Raul Brasil, em Suzano , que terminou com a morte de dez pessoas. Este é o início da terceira fase do inquérito criminal, mirando em pessoas que não agiram diretamente, mas teriam dado incentivo, feito apologia ou comemorado o desfecho do crime na internet.
Segundo as investigações, o estudante teria trocado mensagens por WhatsApp com o jovem que está internado na Fundação Casa - e acusado de ser "mentor intelectual" do massacre -, o que a defesa nega. Nelas, o estudante teria instigado o colega a realizar a chacina.
Na mensagem que chamou a atenção dos investigadores, R.M.O. teria afirmado que seu sonho era explodir uma bomba na cantina da escola. Em outra, ele foi informado de detalhes de um plano de atacar o colégio.
Chamado a depor, R.M.O. negou qualquer intenção de participar do massacre e disse que mantinha conversas com o suspeito para se proteger. A polícia afastou indícios de sua participação após constatar que ele chegou a treinar uma "rota de fuga" no colégio - para o caso de o ataque ocorrer.
Em organograma apresentado nesta quinta-feira, 11, pela Polícia Civil e pelo MPE-SP, o estudante aparece classificado como "participação de menor importância". "Descortinamos outro menor, que instigou o menor apreendido", disse o promotor Rafael do Val. "Ele não foi representado e está sendo investigado. Não apresentei à Justiça ainda."
Segundo o delegado Jair Barbosa Ortiz, da seccional de Mogi das Cruzes, a polícia também procura identificar outras pessoas que usaram a internet para fazer apologia ao massacre ou comemorá-lo. "Estamos trabalhando para que ninguém, seja partícipe de maior ou de menor importância, fique sem punição", afirmou. "Ninguém se esconde atrás de rede social."
Armas
Na primeira etapa, a investigação focou em identificar se havia outros participantes, além de G. T. M., de 17 anos, e de Luiz Henrique de Castro, de 25, que morreram no massacre. Depois, a polícia passou a levantar os responsáveis por vender o revólver calibre 38 e munições para os atiradores.
Nesta semana, três homens foram detidos após a Justiça decretar a prisão temporária por 30 dias. Eles são suspeitos de tratar da venda diretamente com G. T. M., por meio de mensagens de celular e de perfis falsos no Facebook. Eles devem responder por homicídio.
Com passagem por receptação de veículo, o mecânico Cristiano Cardias de Souza, o Cabelo, de 47 anos, foi capturado em casa, em Suzano, na tarde de quarta-feira, 10. Com ele, os policiais apreenderam dois celulares.
Já na manhã desta quinta, a Polícia Civil prendeu o vigilante particular Adeilton Pereira dos Santos no Jardim Helena, zona leste de São Paulo. Ele foi, ainda, autuado em flagrante por estar de posse de um revólver com a numeração raspada e de 14 munições de calibre 38. Também tem passagem por lesão corporal, segundo a investigação.
O último suspeito foi detido em Heliópolis, na zona sul da capital. Trata-se do comerciante Tathiano Oliveira Queiroz, que também acabou autuado em flagrante por receptação, após os agentes que cumpriam o mandado encontrarem com ele um celular que era fruto de roubo. "A relação entre eles ainda está sendo investigada", afirmou o delegado Alexandre Dias, titular da Delegacia de Suzano, responsável pelo inquérito.
Para o ataque, os atiradores compraram 16 itens com várias fontes. A lista inclui uma besta (adquirida em uma loja esportiva de São Paulo) e coturnos (negociados pela internet). A estimativa é de que tenham sido gastos cerca de R$ 7 mil.