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O que Temer ganha com as vitórias de Eunício e Maia no Congresso

Eleições na Câmara e no Senado são consideradas uma vitória política para o Planalto

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), abraça o presidente Michel Temer em 31/08/2016.   (Ueslei Marcelino/Reuters)

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), abraça o presidente Michel Temer em 31/08/2016. (Ueslei Marcelino/Reuters)

Bárbara Ferreira Santos

Bárbara Ferreira Santos

Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 15h02.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2017 às 15h06.

São Paulo -- O resultado das eleições da presidência da Câmara e do Senado já era previsto pelo Palácio do Planalto e foi considerado uma vitória política para o governo Michel Temer (PMDB).

O senador Eunício Oliveira (PMDB-AL) foi eleito ontem (1) presidente do Senado enquanto Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi reeleito para a Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (2).

Para analistas políticos ouvidos por EXAME.com, as eleições das lideranças parlamentares não eram uma ameaça para Temer, já que ele é um bom articulador político e possui uma base sólida no Congresso. Além disso, os eleitos têm uma relação alinhada com o Planalto e devem colocar as pautas de Temer como prioridade de votação neste ano.

Já auxiliares do presidente afirmaram que a vitória de Maia e Eunício Oliveira representa uma "sinalização de comprometimento" dos parlamentares com a agenda econômica proposta pelo governo peemedebista. “Tudo o que não precisamos é de um cenário que deixe nossa base estremecida. Precisamos manter a unidade para levar adiante o plano que estabelecerá a retomada da economia”, disse um interlocutor de Temer a EXAME.com.

Para especialistas, esse cenário já era esperado pelo governo. “A relação de Temer com o Congresso é o seu ponto forte. Possivelmente é o seu ativo mais importante, já que em popularidade e conexão com a sociedade ele é um dos mais fracos presidentes da história da República”, afirmou Ricardo Sennes, sócio-diretor da Prospectiva Consultoria.

Para o cientista político Carlos Ranulfo, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o governo comemora o resultado das eleições porque a manutenção dessa base sólida, consolidada pelas eleições desta semana, é que pode dar estabilidade a Temer para concluir o mandato. “Dilma não conseguiu manter a base, por exemplo, mas Temer tem isso bem assegurado. A base vai se manter assim a não ser que ela seja atropelada pela Lava Jato”, afirmou o especialista.

Ranulfo afirma que, apesar da maioria no Congresso, Temer ainda enfrentará resistências para aprovar as pautas do Planalto. “Do Legislativo não virá problemas de governabilidade de Temer. No entanto, isso não quer dizer que ele vai passar o que quer e como quer. É mais fácil eleger o Eunício do que aprovar a reforma da Previdência no Senado”, explicou o cientista político.

Os dois especialistas explicaram que a situação mais confortável para Temer será exatamente no Senado, onde ele possui maioria mais estável. “Eunício e seu grupo são favoráveis às reformas estruturais, porém com menos entusiasmo do que Temer e sua equipe econômica. Devem ser apoiadores, mas imporão algumas mudanças e regras de transição mais ampliadas”, ponderou Sennes.

No caso do Senado, Temer teve ainda mais motivos para comemorar. Evitando interceder na disputa pelo comando da Casa, o presidente viu a composição da Mesa Diretora ser composta majoritariamente por aliados, segundo auxilares do peemedebista no Planalto.

Ranulfo acrescentou que, na presidência do Senado, Eunício poderá ainda se posicionar contra as investidas da Lava Jato, que ameaça figuras centrais do governo Temer. “Ele já até disse que vai se posicionar toda vez que um poder se colocar na frente do outro. Isso é um recado claro para o STF”, disse o professor da UFMG.

Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, embora não seja do mesmo partido de Temer, tem sido favorável às reformas estruturais do governo e mostrou alinhamento com o Planalto na Câmara. “Maia é a peça chave para contrabalançar o poder do “centrão”, afirmou Sennes. “Certamente uma enorme vitória para Temer.”

Segundo os especialistas, a saída de Cunha da Câmara desmobilizou o chamado “centrão” e as pautas do “baixo clero” terão menos fôlego, o que beneficia os projetos do Planalto.

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