O que se sabe até agora sobre a reformulação do Bolsa Família
Presidente Jair Bolsonaro tem dito que, a partir de novembro, o benefício passará de uma média de 192 reais mensais para 300 reais
Alessandra Azevedo
Publicado em 30 de julho de 2021 às 17h02.
Última atualização em 30 de julho de 2021 às 18h18.
O Congresso deve receber, nas próximas semanas, o projeto que reformulará programas sociais do governo, incluindo o Bolsa Família . O presidente Jair Bolsonaro e a equipe econômica querem encaminhar o texto aos parlamentares ainda em agosto, para dar tempo de ser aprovado antes do fim do auxílio emergencial, que será pago até outubro.
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Bolsonaro tem dito que, a partir de novembro, o benefício do Bolsa Família passará de uma média de 192 reais mensais para 300 reais, "no mínimo", garantiu em entrevista à TV Brasil na semana passada. Será um pouco mais de 50% de reajuste, apontou o presidente.
Nesta quinta-feira, 29, o ministro da Cidadania, João Roma, disse que o aumento pode ser até maior do que 50%, mas que o valor exato vai depender do entendimento da equipe econômica. Além de aumentar o benefício, o governo quer ampliar o alcance do programa, que hoje atende 14,6 milhões de famílias. A ideia é chegar a 17 milhões.
A principal dúvida é de onde virá o dinheiro para bancar o reajuste. A equipe econômica calcula que o Orçamento de 2022 terá uma folga de 30 bilhões de reais, o que, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, seria suficiente para cobrir o gasto a mais com o programa, sem prejudicar o teto de gastos.
Guedes diz que o custo para reformular o Bolsa Família ficará entre 25 bilhões e 30 bilhões de reais. Mas, pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), para criar um programa — ou aumentar benefícios — de forma permanente, o governo precisa indicar uma fonte de receitas também permanente.
O ministro da Economia já mencionou como fonte de receitas a taxação de dividendos, proposta na reforma tributária em andamento na Câmara, apesar de não saber ainda se o texto será aprovado pelos deputados e senadores. Os técnicos precisam definir de onde virá o dinheiro até 31 de agosto, prazo para envio do Orçamento de 2022.
Bolsonaro disse na segunda-feira, 26, à rádio Arapuan, na Paraíba, que estuda enviar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para tratar do assunto. Depois dessa fala, começou uma especulação de que a PEC só seria necessária se ele quisesse contornar o teto de gastos, o que acendeu o alerta do mercado financeiro.
Guedes, no entanto, assegura que não existe essa possibilidade. Na sexta-feira, 30, ele reafirmou que o governo não vai descumprir a regra. “Os senhores podem ter certeza de que não furaríamos o teto por causa do Bolsa Família. Não é nada disso. Isso tudo está sendo programado com muita responsabilidade”, disse, após participar de evento no Rio de Janeiro.