Exame Logo

Novo diretor da PF quer ampliar investigações contra autoridades

Fernando Segóvia afirmou que vai trabalhar para concluir as investigações no prazo mais rápido possível

Fernando Segóvia: "a gente vai acelerar, ampliar as investigações, para tentar concluir no prazo mais rápido possível" (José Cruz/Agência Brasil)
R

Reuters

Publicado em 20 de novembro de 2017 às 14h53.

Brasília - O novo diretor-geral da Polícia Federal , Fernando Segóvia, disse nesta segunda-feira, em sua primeira entrevista coletiva após assumir o cargo, que vai trabalhar para acelerar e ampliar as investigações contra autoridades perante o Supremo Tribunal Federal (STF) até meados do próximo ano, às vésperas do início das eleições gerais.

"A gente vai acelerar, ampliar as investigações, para tentar concluir no prazo mais rápido possível", disse Segóvia, ao destacar que vai dar suporte ao novo diretor de Combate ao Crime Organizado, Eugênio Ricas, para ampliar a equipe. Ele ressalvou, no entanto, que não vai se "imiscuir" nas escolhas a serem tomadas.

Veja também

O novo diretor admitiu que a equipe de investigação da PF perante o Supremo é pequena para os objetivos que pretende alcançar e destacou que a velocidade dessas apurações está num ritmo "aquém" do desejado.

Políticos que vão se candidatar nas eleições de 2018 têm criticado o ritmo das investigações perante o STF. Eles reclamam de continuarem com apurações em aberto sem conclusão e que isso pode acarretar prejuízos eleitorais.

Temer

Numa crítica à delação premiada fechada exclusivamente pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot com os executivos da J&F, Segóvia afirmou que as investigações contra o presidente, se tivessem sido conduzidas pela própria PF, iriam demorar muito mais tempo do que as feitas pela Procuradoria-Geral da República.

Segundo o novo diretor-geral, uma "única mala" pode não ter sido capaz de garantir toda a materialidade para o crime que teria sido cometido. Era uma referência, indireta, ao episódio da operação controlada feita pela gestão anterior da PF, a pedido da equipe de Janot, que prendeu Rodrigo Rocha Loures, o ex-assessor especial de Temer, ao levar uma mala com 500 mil reais em recursos.

Por esse episódio, Temer foi denunciado por Janot por corrupção passiva sob a acusação de ser o beneficiário da propina. Essa acusação e outra mais recente, por obstrução de Justiça e organização criminosa foram suspensas por decisão da Câmara.

Segóvia disse que a Polícia Federal não tem mais "nada a executar" nessas investigações que o presidente "sofreu".

Temer ainda é alvo de outro inquérito que apura se ele cometeu crime na edição de um decreto que mudou regras do sistema portuário para beneficiar o grupo Rodrimar. O novo diretor afirmou que essa apuração vai continuar "sem nenhum problema".

"Ele (Temer) continuará a ser investigado sem nenhum problema ", disse. "Ela (a investigação) terá toda a celeridade como todos os inquéritos", completou.

O diretor-geral afirmou que Temer deu-lhe "carta branca" para atuar como chefe da PF e que o presidente, como principal mandatário da nação, pode lhe chamar para uma audiência quando quiser.

"A Polícia Federal não tem nada a esconder, um dos princípios que temos de ter é a transparência", disse ele, ao ser questionado sobre um encontro, fora de agenda oficial, com o presidente.

Delações

Segóvia afirmou que a PF cometeu um "deslize" quando da divulgação para a imprensa das conclusões da operação Carne Fraca, ação deflagrada em março e que investigou fraudes cometidas por frigoríficos, e que causou prejuízos para as exportações de carne do país. Ele disse que houve exacerbamento da forma de apresentação do caso.

O novo chefe da Polícia Federal afirmou que vai tentar buscar com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, uma nova relação de "maturidade" entre a PF e a MPF. Defendeu uma parceria para se fazer um "trabalho conjunto" entre as duas instituições.

Ainda assim, Segóvia afirmou que não vai desistir de garantir no STF que a PF tenha direito a fechar acordos de delação premiada. O Supremo discute uma ação que trata do assunto. Ele disse que a delação é uma ferramenta de investigação.

O novo diretor-geral afirmou que a Polícia Federal jamais poderá tomar qualquer tipo de viés político-partidário e que vai trabalhar por isso. Afirmou, pontualmente, que considera que a operação Lava Jato não tem qualquer tipo de viés político e citou o fato de ela não ter sido anulada em instâncias superiores.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoPolícia FederalSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame