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No Uruguai, Dilma denuncia tentativa de "reverter" conquistas

A ex-presidente fez uma árdua defesa da democracia, em referência ao "golpe parlamentar", denunciado por setores da esquerda

Dilma Rousseff: trata-se da primeira viagem ao exterior desde que ela deixou o Palácio (Andres Stapff/Reuters)
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AFP

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 17h10.

A ex-presidente Dilma Rousseff denunciou nesta sexta-feira em Montevidéu o que considera ser um processo que tenta "reverter" conquistas sociais no continente americano, em um ato organizado pela principal central sindical uruguaia.

Dilma está no Uruguai, em sua primeira viagem ao exterior desde que sofreu o impeachment, para participar de vários eventos organizados pela central PIT CNT e pelo partido do governo, Frente Amplio. Segundo ela, há na região quem queria "continuar com a mais perversa desigualdade".

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"Querem reverter todas as conquistas sociais. Me preocupa muito que esse seja um processo que tenha uma característica continental", afirmou sob aplausos de trabalhadores que marcharam na "Jornada continental pela democracia e contra o neoliberalismo".

Dilma também aproveitou a ocasião para defender os governos de esquerda da região, afirmando que na América Latina "houve ganhos para os trabalhadores mais pobres", embora "não tenha se acabado com a desigualdade".

A ex-presidente fez uma árdua defesa da democracia, em referência ao "golpe parlamentar" denunciado por setores da esquerda.

"Sem democracia não há como lutar contra a desigualdade, não há como ser solidário, não há como colaborar entre nossos povos", afirmou entre gritos de "Fora Temer" vindos da multidão.

No programa de visita de Dilma estava previsto um almoço na sede do Frente Amplio com vice-presidente da República, Raúl Sendic, entre outros integrantes do partido.

Ela será declarada cidadã ilustre de Montevidéu pelo prefeito da cidade, Daniel Martínez, do mesmo partido.

Primeira viagem ao exterior

Trata-se da primeira viagem ao exterior da ex-presidente desde que ela deixou o Palácio do Planalto.

O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, sempre manifestou seu apoio ao governo do PT e na ocasião do impeachment, emitiu um comunicado em que considerou a destituição de Dilma Rousseff "uma profunda injustiça".

"Apesar da legalidade invocada (do processo de impeachment), o governo uruguaio considera uma profunda injustiça essa destituição", manifestou a chancelaria uruguaia no dia 1º de setembro.

Mais tarde, o Uruguai teve um embate com o Brasil, já sob o governo Temer, no Mercosul, por conta da passagem da presidência rotativa do bloco à Venezuela.

O chanceler Rodolfo Nin Novoa denunciou no Congresso uruguaio uma tentativa do Brasil de "comprar" a posição do Uruguai na questão, o que custou ao país a inédita convocação para consultas do embaixador uruguaio em Brasília por parte da chancelaria brasileira.

O imbróglio parece ter se encerrado depois que Vázquez se reuniu com Temer em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU a fim de aparar as arestas.

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