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No Senado, Weintraub diz que cortes são reversíveis e que Fies é tragédia

Para Abraham Weintraub, a situação das Federais vai se normalizar quando a economia mostrar que está se recuperando

Abraham Weintraub: Ministro da Educação chega ao Senado para participar de audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (Geraldo Magela/Agência Senado)

Abraham Weintraub: Ministro da Educação chega ao Senado para participar de audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (Geraldo Magela/Agência Senado)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 7 de maio de 2019 às 11h40.

Última atualização em 7 de maio de 2019 às 16h46.

São Paulo — O ministro da Educação, Abraham Weintraub, participou nesta terça-feira (07) da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, onde apresentou as metas do governo para o Plano Nacional de Educação (PNE). 

Weintraub, que assumiu o cargo em 8 de abril, após a saída de Ricardo Vélez Rodíguez, também comentou polêmicas em que foi envolvido.

A última delas foi o anúncio de contingenciamento de verbas para três universidades — a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal Fluminense (UFF).

Segundo o líder da pasta, as instituições estavam fazendo “balbúrdia” em vez de melhorarem o desempenho acadêmico.

Logo depois, o ministro voltou atrás e anunciou que o corte de 30% do orçamento seria estendido para todas as 63 universidades federais que hoje funcionam no Brasil. Dentre os reitores das universidades, há a preocupação de que as contas não fechem sem o repasse das verbas.

Ao Senado, Weintraub ressaltou que não houve corte no orçamento, mas um contingenciamento, e que a situação vai se normalizar quando a economia mostrar recuperação. Ao todo, os cortes chegaram a 7,3 bilhões de reais.

"Se a gente conseguir aprovar a reforma da Previdência e voltar a arrecadação, volta o orçamento. Agora, a gente precisa seguir a lei de responsabilidade fiscal."

Questionado sobre o fato de o corte inviabilizar as atividades em algumas universidades, o ministro disse: "O salário dos professores está sendo integralmente respeitado, os refeitórios dos alunos também. Agora, é sacrossanto o orçamento das universidades? Não dá pra cortar nada? Uma universidade custa 1 bilhão de reais, na média. Nós temos 65. Todo mundo está apertando o cinto".

Ele ainda propôs aos reitores que marquem reuniões com o MEC para discutir a nova situação financeira das universidades federais. Ele chegou a comparar a situação do contingenciamento com a situação de empresas privadas.

"30% é sobre uma parte pequena do volume total de despesa. O dono de uma empresa às vezes tem que fazer corte de 20% e sobrevive", disse.

O ministro defendeu que o Brasil não gasta pouco com universidades e classificou como "desastre" o financiamento dos antigos governos no Ensino Superior.

"É uma tragédia o financiamento estudantil. São 500 mil jovens começando a vida com o nome sujo", disse em referência aos jovens inadimplentes do Fies.

"O ensino profissional ficou largado lá em baixo na nossa lista de prioridades, enquanto colocamos muito dinheiro na educação superior", disse. Segundo ele, o Brasil gasta 14 mil dólares por estudante na faculdade, enquanto o Chile gasta 8 mil dólares e a Coreia do Sul, 10 mil dólares.

O ministrou criticou programas petistas, como Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), não apresentou novos projetos e voltou a defender cortes na área de humanas.

Ele disse que a sugestão de reduzir verba para cursos de filosofia e sociologia é baseada em números e critérios técnicos. Segundo ele, apenas 13% da produção na área de Ciências Sociais Aplicadas, Humanas e Linguística têm impacto científico.

Apesar do que considera ser um baixo desempenho, argumentou o ministro, a maioria das bolsas da Capes seria destinada a estudantes da área de Humanas. "Gente que é paga para estudar", afirmou ele, e que, na maioria dos casos, não traria um retorno efetivo ao país.

A prioridade do governo nos setor de educação, segundo Weintraub disse no começo de sua apresentação, é a educação infantil, com atenção especial para as creches.

"Hoje 30% das crianças tem acesso a creche no brasil, isso incluindo público e privado. Não estamos conseguindo atender essa primeira recepção das crianças a escola".

Também questionado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede) sobre o bloqueio de verbas para a construção de creches, que minutos antes havia sido elencado por Weintraub como prioridade, o ministro não respondeu. "Quantas creches o governo Dilma [Rousseff] cortou", se limitou a dizer.

A segunda prioridade do governo, segundo o ministro, é reduzir a evasão dos alunos no ensino fundamental.

A terceira meta do governo, ligada ao ensino médio, "mexe um pouco com preconceito dos brasileiros", segundo o ministro.  A taxa de insucesso no ensino médio é maior do que no fundamental por conta da oportunidades no mercado de trabalho, segundo o material levado pelo ministro para auxiliar na apresentação, especialmente entre os mais pobres. 

Apoiado na premissa, o ministro defendeu uma abordagem mais pragmática para alunos desse nível estudantil: "um mestre de obras, um mestre relojoeiro é visto com muitas qualidades em outros países. Temos que quebrar o preconceito do ensino técnico, que às vezes é tão ou mais importante do que o ensino recebido por um doutor", defende. "Se a gente tivesse ensinasse um ofício, a taxa de evasão poderia ser menor". 

Veja como foi a audiência do ministro:

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(Com Estadão Conteúdo)

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