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New York Times compara política brasileira a House of Cards

Para jornal americano, crise no governo Dilma faz Brasil viver cenas e estratégias dignas da série produzida pelo Netflix

O ator Kevin Spacey em foto de divulgação da série "House of Cards", do Netflix (Netflix/Divulgação)

O ator Kevin Spacey em foto de divulgação da série "House of Cards", do Netflix (Netflix/Divulgação)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 27 de abril de 2015 às 18h42.

São Paulo – Depois de enxergar no presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, a materialização do personagem Frank Underwood da série House of Cards, a mídia estrangeira volta a usar o programa produzido pelo serviço de streaming de vídeos Netflix para decifrar o atual cenário político nacional.

Em reportagem publicada neste domingo, o jornal americano The New York Times afirma que a crise que atinge o governo Dilma neste início de segundo mandato tem feito o Brasil viver cenas e estratagemas políticos dignos da narrativa.

A comparação é feita com base em análise do professor emérito de Ciências Políticas da UnB, David Fleischer. Segundo o especialista disse à publicação, os líderes do Congresso estariam se aproveitando do enfraquecimento político da presidente Dilma Rousseff  para consolidar o próprio poder. Exatamente como Underwood faz na série.

O mais impressionante, segundo a reportagem sugere, é que tanto Eduardo Cunha quanto Renan Calheiros, presidentes da Câmara e do Senado respectivamente, são acusados de envolvimento em escândalos de corrupção – incluindo o da Petrobras.

“Em algumas democracias, figuras que enfrentam situações como essa podem ser banidas da vida pública, mesmo sem nunca ter sido condenados. Mas não no Brasil, onde os homens que comandam um Congresso atormentado por escândalos estão, na verdade, aumentando seu poder com relação à presidente”, afirma a reportagem.

A estratégia de ambos, neste caso, é blindar o Congresso enquanto desviam a atenção dos problemas da Casa para o Planalto. Ao mesmo tempo em que travam uma verdadeira queda de braço com o Executivo. 

O jornal americano classifica a “crescente resistência do Congresso” como um “ponto de virada para uma instituição que tem sido amplamente desprezada no Brasil” por sua tendência a preservar a impunidade e tomar decisões impopulares como aumentar os próprios salários enquanto a população padece os efeitos de medidas de austeridade.

“Depois de enfrentar escândalos no passado, os homens que agora comandam o Congresso têm mostrado uma capacidade excepcional para suportar as acusações e ressuscitar a própria sorte”, afirma o texto.

A comparação com a série do Netflix não é gratuita. House of Cards narra a articulação de bastidores orquestrada por Frank Underwood, um político do Partido Democrata americano dotado de uma resiliência política invejável que não mede esforços para conquistar o poder.

 Segundo o blog do jornalista Lauro Jardim, da revista Veja, até parlamentares estariam  se inspirando na série  para fazer brincadeiras com Cunha - que teria gostado da comparação. 

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