Não cogito fazer delação, diz doleiro ligado a Cunha na Lava Jato
"Não cogito porque não sou culpado", afirmou. Apesar disso, perante o juiz ele disse estar disposto a colaborar integralmente com a Justiça
Agência Brasil
Publicado em 10 de novembro de 2016 às 13h52.
O corretor de valores e doleiro Lucio Funaro, apontado pela força-tarefa da Operação Lava Jato como operador financeiro do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou hoje (10), ao sair de sua primeira audiência na Justiça Federal em Brasília, que não pretende negociar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
No final de outubro, Cunha e Funaro se tornaram réus no processo que investiga o recebimento de propina de empresas interessadas na liberação de verbas do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
O ex-sócio de Funaro, Alexandre Margotto, o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, Fábio Cleto, e o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves também são réus na mesma ação.
"Não cogito fazer delação", disse Funaro ao deixar sua primeira audiência judicial desde que foi preso em 1º de julho, por ordem do ministro-relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki.
"Não cogito porque não sou culpado", afirmou. Apesar disso, perante o juiz ele disse estar disposto a colaborar integralmente com a Justiça.
Magistrado mantém prisão preventiva
O juiz Vallisney Oliveira de Souza, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, que assumiu o caso após Cunha perder o foro privilegiado devido à cassação de seu mandato, acatou recomendação do Ministério Público Federal (MPF) e decidiu manter a prisão preventiva de Funaro após a audiência de custódia realizada nesta quinta-feira.
Segundo o MPF, além de representar ameaça à ordem pública e à ordem econômica, Funaro tentou intimidar outros réus no mesmo processo.
"Ameaça ao denunciado Fábio Cleto, íntima relação com outro denunciado, Eduardo Cunha, com o ex-senador Delcídio do Amaral. Tom agressivo, inclusive com sistemáticas atuações no sentido de intimidar as pessoas envolvidas no esquema", salientou a procuradora da República, Michelle Rangel de Barros, para justificar a manutenção da prisão.
Na denúncia que foi aceita no fim de outubro por Vallisney Oliveira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que Funaro mantinha "longa e íntima relação" com o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Janot citou também outras investigações em que Lúcio Funaro esteve envolvido, como o caso da Ação Penal 470, o processo do mensalão, a Operação Satiagraha e o Caso Banestado. No mensalão, Funaro fez acordo de delação premiada e foi absolvido pela Justiça.