Mujica pede a jovens que não cometam os erros de sua geração
O ex-presidente foi recebido pelos estudantes UERJ, no Rio de Janeiro. Mujica enfatizou que "é preciso pensar como espécie, não como país"
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2015 às 07h31.
Rio de Janeiro - O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, foi aclamado nesta quinta-feira por milhares de estudantes que lotaram o anfiteatro da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) .
Atônito perante a sonora ovação com que foi recebido pelos estudantes que tomaram tanto o anfiteatro como um estacionamento vizinho onde seu discurso foi retransmitido em um telão, Mujica quis deixar claro desde o princípio, já com suas primeira palavras, que "ninguém é melhor que ninguém".
"Aos 80 anos eu não venho buscar aplausos, venho acender o pavio da militância pelas causas nobres", declarou Mujica perante os estudantes da universidade e vários curiosos.
O ex-presidente, que governou o Uruguai entre 2010 e 2015, disse aos jovens que seu futuro depende da "clareza" que tenham em seu atual momento, quando estão formando-se como pessoas, e lhes convidou não só a "sonhar", mas também a "lutar" para assim poder criar "ferramentas políticas de compromisso coletivo".
"Não cometam os erros da minha geração, cometam os seus", pediu o ex-guerrilheiro, cuja passagem pelo grupo Tupamaros lhe deixou de lembrança seis ferimentos de bala e os 14 anos de prisão cumpridos durante a ditadura uruguaia.
Mujica sugeriu aos presentes que desconfiem dos "apaixonados pelo dinheiro" e busquem valores que estão muito acima da posse material, já que a atual civilização, disse, "não tem consciência, tem caixa-forte".
O ex-presidente uruguaio, que estava no Rio para receber o prêmio Personalidade Sul 2015, concedido pela Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur), falou também sobre os grandes problemas que, segundo ele, lastram o continente.
"O maior problema da América Latina é a desigualdade", ressaltou este presidente que durante seu mandato ganhou o coração de milhões de pessoas no mundo todo graças a sua simplicidade e austeridade.
De acordo com o ex-presidente uruguaio, a América do Sul "está convulsionada", não só pela ameaça da direita, mas também pela falta de união, tanto das forças políticas de esquerda, como dos países que formam o continente.
"Vocês não têm porquê deixar de ser brasileiros, mas têm que ser também latino-americanos", disse Mujica aos estudantes, respondendo sem saber a uma das principais inquietações que se podia sentir na plateia.
"Esperamos que fale da situação da América Latina e de novas possibilidades para sua configuração política", declarou à Agência Efe momentos antes do início da conversa a professora de História da UERJ, Carina Martins Costa.
No entanto, além do discurso de irmandade continental no qual condenou "movimentos golpistas", Mujica enfatizou que "é preciso começar a pensar como espécie, não como país".
O ex-presidente uruguaio, que aceitou perguntas do público, foi questionado por alguns temas em debate no Brasil, como a redução da maioridade penal e a descriminalização do consumo de maconha.
Em relação à redução da maioridade penal dos 18 aos 16 anos, Mujica deixou claro que "não considera um caminho ideal", e menos na América Latina onde as prisões são autênticas "universidades do crime".
Quanto à maconha , Mujica esclareceu que o que se aprovou sob seu mandato no Uruguai em 2014 foi "sua regulação, não sua legalização", já que, apesar da importância de tirar o consumo da clandestinidade, o ex-presidente afirmou não crer "que nenhuma dependência seja boa, exceto a do amor".
Rio de Janeiro - O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, foi aclamado nesta quinta-feira por milhares de estudantes que lotaram o anfiteatro da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) .
Atônito perante a sonora ovação com que foi recebido pelos estudantes que tomaram tanto o anfiteatro como um estacionamento vizinho onde seu discurso foi retransmitido em um telão, Mujica quis deixar claro desde o princípio, já com suas primeira palavras, que "ninguém é melhor que ninguém".
"Aos 80 anos eu não venho buscar aplausos, venho acender o pavio da militância pelas causas nobres", declarou Mujica perante os estudantes da universidade e vários curiosos.
O ex-presidente, que governou o Uruguai entre 2010 e 2015, disse aos jovens que seu futuro depende da "clareza" que tenham em seu atual momento, quando estão formando-se como pessoas, e lhes convidou não só a "sonhar", mas também a "lutar" para assim poder criar "ferramentas políticas de compromisso coletivo".
"Não cometam os erros da minha geração, cometam os seus", pediu o ex-guerrilheiro, cuja passagem pelo grupo Tupamaros lhe deixou de lembrança seis ferimentos de bala e os 14 anos de prisão cumpridos durante a ditadura uruguaia.
Mujica sugeriu aos presentes que desconfiem dos "apaixonados pelo dinheiro" e busquem valores que estão muito acima da posse material, já que a atual civilização, disse, "não tem consciência, tem caixa-forte".
O ex-presidente uruguaio, que estava no Rio para receber o prêmio Personalidade Sul 2015, concedido pela Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur), falou também sobre os grandes problemas que, segundo ele, lastram o continente.
"O maior problema da América Latina é a desigualdade", ressaltou este presidente que durante seu mandato ganhou o coração de milhões de pessoas no mundo todo graças a sua simplicidade e austeridade.
De acordo com o ex-presidente uruguaio, a América do Sul "está convulsionada", não só pela ameaça da direita, mas também pela falta de união, tanto das forças políticas de esquerda, como dos países que formam o continente.
"Vocês não têm porquê deixar de ser brasileiros, mas têm que ser também latino-americanos", disse Mujica aos estudantes, respondendo sem saber a uma das principais inquietações que se podia sentir na plateia.
"Esperamos que fale da situação da América Latina e de novas possibilidades para sua configuração política", declarou à Agência Efe momentos antes do início da conversa a professora de História da UERJ, Carina Martins Costa.
No entanto, além do discurso de irmandade continental no qual condenou "movimentos golpistas", Mujica enfatizou que "é preciso começar a pensar como espécie, não como país".
O ex-presidente uruguaio, que aceitou perguntas do público, foi questionado por alguns temas em debate no Brasil, como a redução da maioridade penal e a descriminalização do consumo de maconha.
Em relação à redução da maioridade penal dos 18 aos 16 anos, Mujica deixou claro que "não considera um caminho ideal", e menos na América Latina onde as prisões são autênticas "universidades do crime".
Quanto à maconha , Mujica esclareceu que o que se aprovou sob seu mandato no Uruguai em 2014 foi "sua regulação, não sua legalização", já que, apesar da importância de tirar o consumo da clandestinidade, o ex-presidente afirmou não crer "que nenhuma dependência seja boa, exceto a do amor".