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Menos família, mais militares: a costura final do governo Bolsonaro

Investigações sobre equipe de Flávio Bolsonaro, e falta de clareza nas respostas, pode esvaziar peso da família no futuro governo

Hamilton Mourão e Jair Bolsonaro recebem diplomação no TSE (Rafael Carvalho/Governo de Transição/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2018 às 06h47.

A semana que se inicia será crucial para a equipe de transição do governo de Jair Bolsonaro (PSL). Será o momento de fazer os ajustes finais na composição dos ministérios e secretarias antes do recesso do natal e do réveillon. A expectativa é de que o presidente eleito se reúna com a equipe ministerial na quarta-feira, 19, em Brasília, no último encontro antes da posse.

Ao todo, serão 22 pastas — sete a mais do que o prometido no início de sua campanha eleitoral. Atualmente, o governo de Michel Temer tem 29 ministérios. Os dois últimos nomes anunciados foram os da futura ministra das Mulheres, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e do futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

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No esquema fechado, 16 pastas ficarão na Esplanada, quatro no Palácio do Planalto e outras duas serão transitórios. A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Banco Central (BC) devem perder o status nos próximos meses, após mudanças legislativas. Após escolher 22 ministros ancorados nas chamadas bancadas temáticas do Congresso, o presidente eleito não conseguiu impedir negociações no varejo para indicações ao segundo e terceiro escalões, de acordo com a Folha de s. Paulo.

O objetivo é criar um canal direto com os parlamentares e tentar fragmentar o poder dos líderes de bancada — até aqui, fundamentais para a governabilidade no presidencialismo de coalizão. O ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, por exemplo, lidera o PR para tentar manter influência no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável pelo setor ferroviário.

Outra marca do próximo governo: o primeiro escalão do governo Bolsonaro conta com a participação de ao menos sete integrantes do Exército brasileiro. Além de seu vice, o general Hamilton Mourão, o presidente eleito terá Carlos Alberto dos Santos (Secretaria de Governo), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Internacional), Bento Costa e Lima Leite (Minas e Energia) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).

A capacidade do futuro governo de revolucionar as trocas entre executivo e legislativo vai depender, segundo analistas, do avanço das investigações sobre movimentações suspeitas na equipe de seu filho e futuro senador, Flávio. As denúncias, e a falta de clareza nas respostas, já tiveram um efeito concreto: esvaziaram a capacidade de influência de Flávio, então cotado para líder do governo no Senado.

Outro filho de Bolsonaro, Eduardo, foi desautorizado ontem pelo presidente após propor, ao jornal O Globo, a revisão na pena de morde para alguns crimes hediondos. O terceiro filho, Carlos, responsáveis pelas redes sociais durante a campanha, deixou Brasília após desentendimentos. O balanço de forças entre os Bolsonaro, os militares e as bancadas temáticas deve ser uma das costuras políticas interessantes de se observar nos últimos dias de transição.

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