Meirelles e Maggi são citados em novo caso de paraíso fiscal
As informações foram divulgadas pelo site "Poder360", um dos veículos que analisaram milhões de documentos deste caso, batizado como "Paradise Papers"
EFE
Publicado em 6 de novembro de 2017 às 06h32.
Última atualização em 6 de novembro de 2017 às 11h42.
São Paulo - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o de Agricultura, Blairo Maggi, estão entre as dezenas de políticos mundiais ligados a empresas em paraísos fiscais , de acordo com uma investigação divulgada neste domingo simultaneamente por vários veículos da imprensa mundial.
Meirelles, um dos nomes mais importantes do governo do presidente Michel Temer, criou um fundo chamado Sabedoria Foundation, nas Bermudas, para lidar com sua herança.
As informações foram divulgadas pelo site "Poder360", um dos quase 100 veículos de imprensa que analisaram milhões de documentos deste caso, batizado como " Paradise Papers ", sob a coordenação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ).
Os documentos mostram que o contrato do fundo foi registrado no fim de 2002, a partir de uma doação de US$ 10 mil, realizada pelo próprio Meirelles, que, pouco depois, assumiu o cargo de presidente do Banco Central, no qual ficou até novembro de 2010.
Meirelles disse ao "Poder360" que o Sabedoria Foundation ainda não recebeu ativos e que o fundo receberá parte de sua herança quando ele morrer.
Já Maggi é apontado como beneficiário final de uma empresa aberta nas Ilhas Cayman em 2010, com participação de uma de suas empresas e a holandesa Louis Dreyus, de acordo com a investigação.
Um ano antes, uma subsidiária da Louis Dreyfus e a Ammagi Exportação e Importação chegaram a um acordo para criar uma filial conjunta para atuar no mercado de grãos em quatro estados do país.
A filial foi registrada em um município na Bahia com o nome de Amaggi & LD Commodities, iniciando sua operação em janeiro de 2010.
Em 2010, a Ammagi & LD Commodities abriu a "offshore" nas Ilhas Cayman, chamada Ammagi LD Commodities International, de acordo com o "Poder360".
A defesa do ministro negou ao "Poder360" que ele tenha recebido qualquer valor diretamente da "offshore", mas admitiu que ele é um beneficiário indireto da empresa.
A investigação foi feita por 382 jornalistas de quase 100 veículos, que analisaram mais de 13 milhões de documentos que compreendem um período de quase 70 anos (1950-2016).
Os documentos foram vazados de dois escritórios especializados em abrir offshores, o Appleby e o Asiatici Truste.