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Lava Jato faz operação contra doleiro ligado a esquema na Petrobras

Segundo o Ministério Público Federal, o operador financeiro seria relacionado a um ex-ministro de Minas e Energia que teria atuado "ao menos de 2008 a 2014"

(Luiz Souza/NurPhoto/Getty Images)
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Reuters

Publicado em 18 de junho de 2020 às 12h10.

Última atualização em 18 de junho de 2020 às 12h12.

A Força Tarefa da Lava Jato realiza nessa quinta-feira, 18, a Operação "Sem Limites II", que mira suspeitas de propinas relacionadas a transações da área de compra e venda de petróleo, óleos combustíveis e derivados da estatal Petrobras.

A Polícia Federal cumpre desde cedo 14 ordens judiciais, sendo 12 mandados de busca e apreensão e dois ofícios para obtenção de dados telemáticos.

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A Justiça determinou ainda bloqueios de bens de cerca de 17 milhões de reais para compensar eventuais prejuízos causados pelas operações, que envolveriam um operador financeiro ligado a um ex-ministro de Minas e Energia, segundo o Ministério Público Federal no Paraná.

Os mandados foram expedidos pela Justiça de Curitiba e todos são cumpridos no Rio de Janeiro. Há equipes da PF em bairros das zonas sul e oeste do Rio. Um dos principais alvos é a Gerência Executiva de Marketing e Comercialização da estatal, que fazia operações de "trading" do petróleo e derivados, de acordo com as autoridades.

"Após análise de materiais apreendidos na 57ª Fase, Operação Sem Limites – deflagrada em dezembro de 2018, e do resultado de pedidos de cooperação jurídica internacional formulados pela PF, foram identificados novos indivíduos que auxiliavam e integravam a organização criminosa estruturada no sentido de lesar a Petrobras, especialmente em sua área de trading", disse a PF.

"Além do operador financeiro ligado ao ex-ministro, também são alvos das medidas de busca e apreensão o seu irmão, que o auxiliava no recebimento das vantagens indevidas, e quatro doleiros", disse o MPF no Paraná, sem citar nomes.

Procurada, a Petrobras disse que "é vítima de crimes desvendados pela Operação Lava Jato" e destacou que "colabora com as investigações desde 2014", o que já possibilitou mais de 4 bilhões de reais em ressarcimentos aos cofres da companhia.

O Ministério de Minas e Energia não respondeu de imediato a um pedido de comentários.

Segundo as autoridades, o operador financeiro relacionado a um ex-ministro da pasta teria atuado "ao menos de 2008 a 2014".

Como era o esquema

O suposto esquema de "trading" contava com a ajuda de doleiros que movimentam recursos no exterior para quadrilha, disseram os policiais federais.

"A PF conseguiu identificar titulares de contas no exterior em nome de empresas offshores, e por meio delas, profissionais do mercado paralelo de câmbio realizavam transferências bancárias internacionais para a realização de 'dólar-cabo'", afirmou a corporação.

A suspeita é de que parte dos valores de propina tinham como objetivo o pagamento de intermediários políticos para a manutenção de certos empregados públicos em funções gerenciais estratégicas da Petrobras, como a de Gerência Executiva de Marketing e Comercialização, onde se realizavam as operações de trading, acrescentou a PF.

Os investigados responderão pela prática dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa, crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, disseram as autoridades.

A Reuters publicou em fevereiro que um ex-operador da Petrobras assinou acordo de delação com procuradores sobre suposto esquema de propinas entre tradings de petróleo e funcionários da estatal brasileira.

O MPF paranaense disse, sem detalhar, que um ex-trader da Petrobras, que atuou no escritório da companhia em Houston, no Texas, "hoje colabora com as investigações".

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