Lava Jato critica pressa em votar PL sobre acordos de leniência
Acordos de leniência são para que autores de crimes financeiros auxiliem nas investigações de esquemas criminosos
Agência Brasil
Publicado em 9 de novembro de 2016 às 18h37.
A força-tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba manifestou hoje (9) repúdio à intenção de parlamentares de votar em regime de urgência o Projeto de Lei (PL) nº 3.636/2015.
O projeto altera a lei que trata dos acordos de leniência, que são celebrados entre autores de crimes financeiros e o Estado para que os infratores auxiliem nas investigações de esquemas criminosos.
Segundo os representantes da força-tarefa, o PL "desvirtua a lei anticorrupção, sem uma ampla discussão com a sociedade, organizações não governamentais e o próprio Ministério Público, inclusive sobre os seus reflexos nas investigações da Operação Lava Jato".
Os procuradores afirmaram que a intenção de líderes partidários de votar o projeto em regime de urgência é "intervenção na investigação da Operação Lava Jato e em outras dela decorrentes".
Eles ressaltaram que os acordos de leniência que estão sendo celebrados na operação são "da maior importância para o Brasil" e "poderão ser interrompidas se aprovado esse projeto de lei".
Os representantes do MPF alertaram ainda para uma tentativa de inclusão de emenda em plenário que, segundo eles, possibilitaria a anistia dos crimes apurados. "Serão feridas de morte as investigações da Operação Lava Jato", afirmaram.
Uma nota de repúdio da força-tarefa foi endereçada aos deputados federais. Os procuradores pedem, no documento, que os parlamentares neguem o regime de urgência na tramitação do PL ou o rejeitem completamente, "permitindo a futura, ampla e aberta discussão desse assunto".