Juiz manda prender policiais pela chacina em Pau d'Arco, no Pará
Dez trabalhadores rurais foram assassinados em maio na fazenda Santa Lúcia, no sudeste do Pará; os crimes ficaram conhecidos como a "chacina de Pau D'Arco"
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de julho de 2017 às 18h30.
Sorocaba - Treze policiais, 11 militares e dois civis, foram presos nesta segunda-feira, 10, suspeitos de participação na morte de dez trabalhadores rurais na fazenda Santa Lúcia, em Pau d'Arco, no sudeste do Pará .
As prisões temporárias foram autorizadas pelo juiz Haroldo Silva da Fonseca, da Comarca de Redenção, interior daquele Estado.
Entre os policiais presos está o coronel Carlos Kened Gonçalves de Souza. Eles não tinham advogado constituído até o início da tarde.
No última dia 8, o líder de acampamento sem-terra onde ocorreu chacina de Pau d'Arco foi assassinado.
Segundo a ONG Justiça Global, Rosenildo Pereira de Almeida, conhecido como 'Negão', de 44 anos, foi morto a tiros na cidade de Rio Maria, a 60 quilômetros de Pau D'Arco, onde aconteceu a chacina.
As detenções foram pedidas pelo Ministério Público, após evidências de que os trabalhadores rurais foram assassinados. Policiais federais foram destacados para cumprir os mandados de prisão.
Oito policiais militares e um civil foram presos em Redenção, enquanto os demais foram detidos em Belém.
Por ordem do juiz, os policiais foram levados para o Centro de Recuperação Especial Cel. Anastácio das Neves (Crecan), em Santa Izabel, na Região Metropolitana.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública do Pará informou ter agendado entrevista coletiva nesta tarde, em conjunto com a Polícia Federal e a Polícia Civil, para passar informações relativas às prisões.
Os crimes, que ficaram conhecidos como a "chacina de Pau D'Arco", aconteceram no dia 24 de maio, quando um grupo de 24 policiais militares e quatro policiais civis foram à fazenda para cumprir mandados de prisão de suspeitos da morte de Marcos Batista Ramos Montenegro, segurança da propriedade, que havia sido assinado no dia 30 de abril.
De acordo com o promotor Alfredo Martins de Amorim, um dos que assinam os pedidos de prisão, a promotoria trabalha com evidências de que houve execução. Segundo ele, foi permitida a participação irregular de seguranças da fazenda na operação.
Líder morto
Na última sexta-feira, 7, um dos líderes do acampamento da fazenda Santa Lúcia, onde os dez sem-terra foram mortos, também foi assassinado a tiros na cidade de Rio Maria, distante 60 km do local. Rosenildo Pereira de Almeida, o "Negão", de 44 anos, deixou a comunidade em que vivia com antigos ocupantes da Santa Lúcia porque vinha recebendo ameaças.
Ele foi executado com tiros na cabeça ao sair de uma igreja. A Polícia Federal ainda investiga se a morte tem relação com a chacina.