Grupo político RenovaBR exclui candidatos "extremistas"
Entre os idealizadores do grupo estão o empresário Eduardo Mufarej, o publicitário Nizan Guanaes, o economista Arminio Fraga e o apresentador Luciano Huck
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de dezembro de 2017 às 11h09.
Última atualização em 16 de dezembro de 2019 às 19h24.
São Paulo - O processo seletivo do movimento RenovaBR , fundo criado por um grupo de empresários para financiar o surgimento de novas lideranças políticas , excluiu candidatos com perfil "extremos" tanto da direita quanto da esquerda.
Entre os idealizadores do grupo estão o empresário Eduardo Mufarej, o publicitário Nizan Guanaes, o economista Arminio Fraga e o apresentador e empresário Luciano Huck.
O grupo, que propõe custear o aprimoramento político por meio de bolsas aos escolhidos de R$ 5 mil a R$ 12 mil, optou por selecionar participantes ainda sem forte identidade partidária.
A maioria ou não tem partido ou está filiada a legendas menores como Rede, Novo, Livres, PSOL e outros.
Poucos postulantes se declararam filiados ao PSDB e, até agora, avaliadores não identificaram simpatizantes do PT e PSTU.
A ideia da seleção é arejar o ambiente político e "interromper o Fla x Flu" eleitoral.
Dos 4 mil inscritos no processo, apenas 173 passaram para a fase de bancas presenciais - que estão ocorrendo agora em São Paulo e no Rio - até o momento.
A ideia é afinar esse número até que permaneçam 150 futuros nomes que possam ser candidatos ao Legislativo.
Os aprovados vão passar por um programa de formação que será realizado entre janeiro e julho de 2018.
No programa, que prevê 240 horas de aulas presenciais e a distância, temas como liderança, inovação, marketing e funcionamento político.
Os candidatos também terão acompanhamento por um coaching durante o processo.
No ato da inscrição, os interessados responderam a um questionário em que precisavam se posicionar sobre valores morais.
Um dos enunciados, por exemplo, afirmava: "Os valores da família tradicional e da congregação religiosa são bases para uma sociedade saudável".
Para essa questão, o candidato teria de assinalar uma alternativa entre seis possíveis, que variavam gradativamente entre "concordo completamente" e "discordo completamente".
"Com esse tipo de questão, já na primeira fase, eliminamos os radicais e extremistas de direita ou esquerda", disse Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, um dos 25 avaliadores que estão participando da banca.
Banca
Além de Meirelles, o corpo de avaliadores é composto por Eduardo Mufarej, cofundador do RenovaBR, os cientistas políticos Humberto Dantas, Marcelo Issa e Glauco Peres.
E membros de ONGs e movimentos cívicos, como Patricia Ellen (do Agora! - movimento próximo a Luciano Huck); Ilona Szabó, (diretora executiva do Instituto Igarapé); Celso Athayde (da Frente Favela Brasil) e Adriana Barbosa, do Instituto Feira Preta.
Entre os avaliadores existe um político com mandato, o vereador Gabriel Azevedo (PHS-MG), que aos 31 anos está em seu primeiro mandato.
"Não existe nenhuma tentativa de doutrinação nas nossas escolhas", afirmou o cientista político Humberto Dantas.
Segundo os avaliadores ouvidos pela reportagem, parte considerável dos postulantes ainda não tem filiação partidária.
Os candidatos à bolsa já podem ter concorrido em outras eleições, mas não podem ter exercido mandatos.
Embora existam candidatos de todas as idades, a predominância é mesmo dos jovens - principalmente das Regiões Sul e Sudeste.
Mufarej tem salientado ao longo do processo que os bolsistas e candidatos não receberão financiamento da RenovaBR e terão liberdade para escolher seu partido.
As contrapartidas pedidas são: caso eleitos, prezar pela transparência e cumprir o mandato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.