Governo alerta para seca no Pantanal e na Amazônia e faz pacto com estados para conter crise
Marina Silva reforçou a necessidade de se preparar para que os impactos da estiagem sejam minimizados
Agência de notícias
Publicado em 5 de junho de 2024 às 16h02.
Última atualização em 5 de junho de 2024 às 16h10.
O governo federal alertou nesta quarta-feira, 5, para a seca que atingirá o Pantanal e a Amazônia neste ano. Durante evento do Dia Mundial do Meio Ambiente, no Palácio do Planalto, a ministra Marina Silva afirmou que é preciso se preparar para que os impactos da estiagem sejam minimizados. Segundo ela, são esperados grandes incêndios no Pantanal no período de seca, que vai de maio a setembro.
Diante do quadro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou durante o evento um pacto pela Prevenção e Controle de Incêndios com governadores de estados que compõem esses biomas. A União quer estabelecer ações em parceria com governos estaduais para conter os impactos desses eventos na população, como reduzir o risco de desabastecimento.
"O que estamos vendo em chuva no Rio Grande do Sul e os efeitos dessas chuvas, vamos ver em estiagem na Amazônia e no Pantanal", disse Marina. " Vamos ter um fenômeno terrível que são os incêndios e queimadas. Não é por acaso que nós temos trabalhado incessantemente."
A ministra afirmou que alguns dos temas que estão no radar do governo no âmbito deste pacto são estratégias para manter o abastecimento de alimentos, medicamentos e combustíveis nas populações que vivem nesses biomas. Na última seca histórica na Amazônia, registrada no ano passado, municípios ribeirinhos ficaram isolados e enfrentaram escassez de suprimentos devido à falta de navegabilidade nos rios.
"Tivemos de fazer uma operação de guerra para levar cestas básicas no ano passado. Neste ano é fundamental esse preparo. Uma hora a gente está tendo de agir na seca e outra na cheia", disse a ministra.
Governadores participaram do evento e depois foram para um café com o presidente Lula. Estiveram no evento os governadores da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT); de Roraima, Antonio Denarium (PP); do Acre, Gladson Cameli (PP); do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB); e do Pará, Helder Barbalho (MDB). O Pará será a sede da COP30, em 2025.
Além deles, o governador Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, compareceu ao evento no Palácio do Planalto. Lula viajará para o estado pela quarta vez nesta quinta-feira, 6. O presidente deve visitar as cidades de Arroio do Meio e Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari. O Rio Grande do Sul vive a pior tragédia climática de sua história, que já deixou 172 mortos e 41 desaparecidos.
"A gente tem de prestar bem a atenção no que está acontecendo aqui. A gente está tentando antecipar, tendo a clareza que vamos ter uma grande estiagem, com grande quantidade de matéria orgânica acumulada no Pantanal e o risco de incêndio é muito grande", afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Nesta terça-feira, 4, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez um pronunciamento oficial no qual fez alertas sobre as mudanças climáticas. Na ocasião, Marina citou a tragédia do Rio Grande do Sul e argumentou que proteger o meio ambiente é "salvar vidas".
O presidente Lula assinou 14 medidas nesta quarta-feira, incluindo portarias, decretos, protocolos e pactos com estados para proteção do meio ambiente. Lula afirmou que além dos compromissos assumidos é preciso desenvolver atividades turísticas ligadas ao meio ambiente para gerar renda e, ao mesmo tempo, valorizar a floresta.
"Nós temos uma riqueza imensa, entretanto, não temos uma política de desenvolvimento do turismo para visitar essas nossas florestas", comentou Lula, em coletiva de imprensa em ocasião à data nesta quarta-feira, 5. "É importante que, junto com isso [ assinatura de atos ], a gente pense no desenvolvimento dos estados", citando que o país poderia aproveitar o turismo para desenvolver as regiões nacionais.
Entre as medidas assinadas pelo presidente, estão a criação do Programa Nacional de Conservação e Uso Sustentável dos Manguezais; e a Estratégia Nacional de Bioeconomia.
Queda no desmatamento do Cerrado
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima também divulgou dados sobre o desmatamento no Cerrado, uma das áreas mais críticas do país em relação à derrubada da vegetação nativa.
De acordo com informações do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), o bioma tem passado por uma desaceleração do ritmo de desmate nos últimos meses. De janeiro a maio deste ano houve uma redução de 12,9% no desmate. Em 2023, no mesmo período do ano passado, o Cerrado registrou aumento do desmatamento na ordem de 43,6%.
"Ainda é cedo para dizer que isso é uma inflexão duradoura e constante na curva [ de desmatamento ], porque no Cerrado uma boa parte do desmatamento conta com a licença, outra parte, quase 50%, é ilegal. Ibama e estados podem agir muito severamente em relação ao ilegal", disse Marina Silva.
A ministra afirmou que o governo está fazendo um movimento de convencimento e proteção do Cerrado e que o desmatamento no bioma está prejudicando a vazão dos rios.
Na sequência, a ministra levantou a ideia de se estabelecer uma "poupança hídrica florestal" como mecanismo de preservação do Cerrado e evitar estiagens tão severas. O bioma conta com vários rios, além de lençóis freáticos profundos e grandes reservatórios subterrâneos.
"Então, os produtores poderão conseguir que suas licenças que são dadas por processos de irrigação — estou falando alto aqui — possam ser condicionadas a uma poupança hídrica que seria na forma de floresta", citou.