Brasil

FHC defende debate sobre modelo de cotas raciais

O tucano defendeu uma maior discussão sobre a maneira como são aplicadas as cotas raciais e classificou de "inaceitáveis" os chamados "tribunais raciais"

"É preciso que nós tenhamos políticas de combate ao racismo", pregou (Lailson Santos/Veja)

"É preciso que nós tenhamos políticas de combate ao racismo", pregou (Lailson Santos/Veja)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 20h13.

São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) defendeu hoje o debate em torno do modelo de adoção de cotas raciais no ensino superior brasileiro e disse ser favorável à existência de um sistema que permita o ingresso daqueles que são excluídos socialmente.

O tucano, que participou do seminário "Raça e Cidadania no Brasil: A Questão das Cotas", no Instituto Fernando Henrique Cardoso, na capital paulista, admitiu que existe preconceito racial no Brasil e avaliou que não pode haver democracia quando há racismo. "É preciso que nós tenhamos políticas de combate ao racismo", pregou.

"Eu sou favorável que exista um sistema que permita o ingresso daqueles que são excluídos", acrescentou. A ministra-chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Barrios, também participou do seminário.

O tucano defendeu uma maior discussão sobre a maneira como são aplicadas as cotas raciais e classificou de "inaceitáveis" os chamados "tribunais raciais", comissões encarregadas de homologar ou não as inscrições de estudantes que optam pelo sistema de cotas nas universidades.

Nós temos de discutir a maneira de aplicar essas cotas raciais, porque não são aceitáveis 'tribunais raciais'", afirmou o ex-presidente. O tucano reconheceu ainda avanços na promoção da igualdade racial durante a administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a criação, em 2003, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.


A ministra Luiza Barrios concordou com a avaliação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que democracia e racismo são incompatíveis e destacou que as cotas raciais são um poderoso instrumento de política pública para promover inclusão em alguns espaços. "E isso foi provado com a questão do acesso ao ensino superior", considerou.

"E eu acho que, agora, nós temos que nos provar e nos testar em outras áreas, a exemplo do mercado de trabalho", acrescentou. A ministra considerou ainda que há no Brasil uma dificuldade de identificar o racismo como produto das desigualdades sociais e avaliou que, apesar de ter havido avanços nos últimos anos, os preconceitos raciais ainda persistem na sociedade brasileira.

A ministra lembrou que, pela primeira vez, um programa voltado ao enfrentamento do racismo e à promoção da igualdade racial foi inserido no Plano Plurianual do governo federal, de 2012, e ressaltou a importância de se debater a questão racial em uma eventual reforma política.

Ela lembrou que, apesar da maioria da população considerar-se negra ou parda, segundo dados do Censo 2010, há apenas vinte e um parlamentares negros no Congresso Nacional. "Cabe a setores da sociedade discutir a igualdade racial no âmbito da reforma política", frisou.

Acompanhe tudo sobre:CotasEducaçãoIndígenasNegrosOposição políticaPartidos políticosPolíticaPSDB

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU