EXAME/IDEIA: metade dos eleitores não votaria jamais em Lula ou Bolsonaro
João Doria, governador de São Paulo, Ciro Gomes e Fernando Haddad, candidato do PT às eleições de 2018, também sofrem altos índices de rejeição
Carla Aranha
Publicado em 23 de março de 2021 às 12h55.
Última atualização em 23 de março de 2021 às 13h20.
O descontentamento com a classe política, exacerbado pelo agravamento galopante da pandemia e o sentimento de mau uso do dinheiro público para fazer frente a serviços essenciais vem influenciando o olhar dos brasileiros sobre possíveis candidatos às eleições de 2022.
Os índices de rejeição são impactantes. Lideram o ranking Fernando Haddad (PT), que disputou as eleições de 2018, e o paulista João Doria (PSDB): 59% dos brasileiros dizem que não votariam no candidato do Partido dos Trabalhadores de jeito nenhum e 58% rejeitam totalmente o governador de São Paulo para o pleito presidencial.
Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest Pro, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre os dias 8 e 11 de março. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.
Não votariam em nehuma hipótese no presidente Jair Bolsonaro 45% dos eleitores, diante de 26% que o escolheriam com certeza e 15% que estão em dúvida. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recentemente foi absolvido das condenações de corrupção apontadas na operação Lava-Jato, também sofre alta rejeição: 47% dos entrevistados dizem que jamais apertariam o número 13 na cabine de votação. O fenômeno, no entanto, atinge todos os possíveis presidenciáveis.
Ciro Gomes, outro possível candidato às eleições de 2022, também não escapa da sina da rejeição: 52% dos eleitores não votariam nele de jeito nenhum, enquanto 5% o escolheriam com certeza. A empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, desfruta do menor índice de rejeição. Apenas 35% jamais dariam seu voto a ela, diante de 10% que certamente a escolheriam e 36% que não a conhecem o suficiente para opinar.
"O anti-petismo e o anti-bolsonarismo vem contaminando o cenário eleitoral e a taxa de rejeição dos candidatos, o que é mais perceptível entre a classe média", diz Mauricio Moura,fundador do IDEIA, instituto especializado em opinião pública.
Entre aqueles que ganham mais de cinco salários mínimos e completaram o ensino superior, o grau de repúdio aos nomes que podem vir a públio para anunciar a candidatura à presidência é maior do que o da população com menor renda e nível educacional. "Os mais pobres em geral se preocupam mais com problemas emergenciais, como colocar comida no prato, do que com questões mais de longo prazo e tem uma postura mais pragmática", diz Moura.
Em um cenário com o ex-presidente Lula como candidato, 60% daqueles que ganham mais do que cinco salários mínimo não votariam nele de jeito nenhum. No caso do presidente Bolsonaro, 64% dos brasileiros com o ensino superior completo jamais o ajudariam a se reeleger, diante de 44% daqueles que concluíram apenas o ensino fundamental. "A economia deverá ser um dos principais motores da intenção de voto em 2022", diz Moura. "O desemprego, inflação e outros indicadores poderão influenciar fortemente o pleito eleitoral".
O podcast EXAME Política vai ao ar todas as sextas-feiras . Clique aqui para ver o canal no Spotify , ou siga em sua plataforma de áudio preferida, e não deixe de acompanhar os próximos programas.