"Estamos muito cansados", diz secretário de Mandetta que pediu demissão
Segundo Wanderson Oliveira, a saída do ministério já vinha sendo discutida há algumas semanas; ministro da saúde não aceitou o pedido
Reuters
Publicado em 15 de abril de 2020 às 19h46.
Responsável diretamente pela estratégia de combate ao novo coronavírus, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, apontou nesta quarta-feira o cansaço como uma das razões para ter apresentado pedido de demissão do cargo nesta manhã, que acabou sendo rejeitado pelo ministro Luiz Henrique Mandetta .
"Estamos muito cansados, estamos muito cansados. Eu não pedi demissão diretamente ao ministro, eu falei para a minha equipe. A mensagem que está com a minha equipe é: 'vamos nos preparar para sair junto com o ministro Mandetta", disse Wanderson, ao lado do titular da pasta, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Segundo o secretário, essa eventual saída do ministério já vinha sendo discutida há algumas semanas, diante da instabilidade acerca da própria permanência de Mandetta no cargo devido aos atritos com o presidente Jair Bolsonaro sobre a forma de enfrentamento à pandemia.
Wanderson disse que, no enfrentamento à Covid-19, a etapa atual é muito mais da assistência do que da vigilância. "Mas eu não vou deixar o ministro, estamos juntos. Eu não tenho um motivo especifico. É isso, nós estamos cansados", reforçou.
Um dos homens de confiança de Mandetta, Wanderson enviou uma carta a seus subordinados na manhã desta quarta-feira avisando que não ficaria mais no ministério e que o ministro havia informado a seus auxiliares que seria demitido até o final desta semana.
Em reunião com os secretários estaduais de Saúde nesta manhã, Wanderson informou aos colegas que ficaria no cargo apenas até sexta-feira, com ou sem a demissão do ministro. Mandetta, no entanto, anunciou em entrevista coletiva no final da tarde que havia recusado o pedido de saída do secretário.
"Vamos trabalhar juntos até o momento de sairmos juntos do Ministério da Saúde", disse o ministro.
O secretário repetiu declarações de Mandetta de que nenhum membro do grupo atual do ministério era "insubstituível". Ele destacou que a equipe de vigilância em saúde é "muito forte" e vai continuar seu trabalho.
"Estamos trabalhando para quem quer que venha dê continuidade ao trabalho da melhor forma possível", disse Wanderson, após ter dito ser servidor de carreira e observado que cargos eletivos são passageiros.