Diretora da Precisa nega que houve oferta de US$ 10 por dose da Covaxin
Em depoimento à CPI da Covid, Emanuela Medrades afirma que ata do Ministério da Saúde sobre reunião está errada
Alessandra Azevedo
Publicado em 14 de julho de 2021 às 11h57.
Última atualização em 14 de julho de 2021 às 18h22.
A diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, disse à CPI da Covid , nesta quarta-feira, 14, que nunca houve oferta de US$ 10 por dose da vacina indiana Covaxin ao governo brasileiro -- nem pela Precisa, que representa no Brasil a Bharat Biotech, fabricante do imunizante, nem pela própria Bharat Biotech.
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Ata de uma reunião no Ministério da Saúde , ocorrida em 20 de novembro, no entanto, registra que houve a oferta. Emanuela afirmou que não fez propostas na ocasião, apenas disse que tinha a “expectativa” de que a dose da vacina custaria US$ 10 ou menos. A ata do governo, segundo ela, é mentirosa.
"Existia a expectativa de que o valor da vacina chegasse a US$ 10. Não sei porque colocaram que custava US$ 10, porque não foi ofertado este valor. Existia expectativa. É mentira (a ata da reunião)". Emanuela apontou também um erro técnico da ata e disse que não assinou ou revisou o documento.
De acordo com o registro do governo, foi dito que a vacina, além de custar US$ 10 por dose, poderia ficar ainda mais barata, a depender da quantidade comprada. A primeira oferta ao ministério foi bem depois dessa reunião, em 12 de janeiro de 2021, disse Emanuela. O preço ofertado foi de US$ 15 por dose, o mais alto entre as vacinas já negociadas pelo governo.
A primeira proposta da Bharat teria sido ainda mais cara, segundo a diretora da Precisa. Em 9 de dezembro, a fabricante teria sugerido o preço de US$ 18 por dose. "E eu nego. Falo 'olha, isso está muito longe do meu preço-alvo'. Continuamos a negociação até que a gente, enfim, chega ao menor valor de US$ 15", contou.
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Inconsistências
Emanuela também negou que a primeira versão da invoice, que é uma espécie de nota fiscal internacional, tenha sido enviada ao Ministério da Saúde em 18 de março, como disseram depoentes anteriores, como o consultor da pasta William Santana. Segundo a diretora, a primeira invoice foi encaminhada em 21 de março.
Santana afirmou que a versão tinha uma série de erros, inclusive na quantidade ofertada e na forma de pagamento, que estava disposta como antecipado, o que não teria sido negociado. Também figurava nessa invoice uma empresa que não constava no contrato, a Madison Biotech.
Emanuela disse ter provado que esse documento não estava com o ministério no dia 18 e desafiou Santana e o chefe da divisão de importação da pasta, Luis Ricardo Miranda, a provarem o contrário. "Desafio o William Amorim e o Luiz Ricardo a provar que receberam no dia 18, porque não vão conseguir", afirmou.