Dilma muda estratégia e busca tempo avassalador na TV
Pelo roteiro traçado, Dilma e Lula passarão a fazer agendas políticas conjuntas e deixarão evidente Aécio Neves como adversário preferencial
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2014 às 18h22.
Brasília - O plano de voo de Dilma Rousseff para buscar a reeleição ganhou contornos mais claros depois que derrotas políticas e econômicas em série colocaram em xeque seu favoritismo, mas a preocupação sobre os efeitos da inflação nas suas chances de vitória continuam grandes e há um esforço concentrado para garantir um bom tempo de TV na propaganda eleitoral.
Pelo roteiro traçado, Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passarão a fazer agendas políticas conjuntas e deixarão evidente Aécio Neves (PSDB) como adversário preferencial.
Essas viagens serão para grandes eleitorados, nas capitais, mas ainda não estão completamente definidas.
"O campo de batalha não é o BNDES, não é o superávit (primário)... Saímos dessa disputa onde temos deficiências", disse à Reuters um ministro, que pediu para não ser identificado.
"Fomos para onde temos força: no emprego, no crescimento da renda e nos avanços sociais. Fomos falar com os nossos eleitores."
No entorno da petista, porém, a inflação --que desde o início do governo ficou no incômodo patamar de 6 por cento ao ano, perto do teto da meta oficial-- é motivo de grande preocupação para as chances eleitorais de Dilma, com pesquisas internas tendo mostrado o efeito negativo da alta de preços sobre o eleitorado cativo do governo.
Nessa frente, o Banco Central elevou o juro em 3,75 pontos percentuais desde abril do ano passado, para 11 por cento ao ano, e o governo tem se esforçado para controlar os preços que administra.
No caso dos preços de alimentos, o governo trabalha com um cenário de arrefecimento.
Tarefas Imediatas
Agora, com o cenário político-eleitoral um pouco mais claro e com os incêndios um pouco mais controlados, há duas tarefas imediatas para Dilma e o núcleo de sua campanha: garantir uma super aliança que lhe dê um tempo "avassalador na propaganda eleitoral", disse o ministro, e ter palanques fortes em todos os Estados.
"Garantir isso é fundamental, porque enquanto os outros terão poucos minutos para se apresentar, nós teremos um enorme tempo para mostrar o que já está sendo feito e que podemos fazer muito mais", argumentou o ministro.
Mas conseguir esses minutos e os palanques não são tarefas fáceis. Dilma cultivou rancores entre os aliados nos últimos três anos, irritou partidos inteiros de sua ampla coalizão e corre o risco de sofrer traições durante a corrida eleitoral.
O caso mais emblemático é o PMDB. No Planalto, é dado como certo que o partido manterá a aliança nacional com o PT, mas no seio peemedebista há muitas dúvidas.
Numa reunião na semana passada, a cúpula da legenda deixou evidente um racha no partido que pode ter um desfecho ruim para Dilma na convenção marcada para 10 de junho.
No governo, a maior preocupação é com a renovação da aliança com PR e PP. O presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), se reuniu com Dilma nesta semana e disse que não sabe qual rumo o partido tomará na convenção de junho.
"Há uma divisão muito forte no partido", disse a jornalistas após o encontro. No caso do PP, alguns expoentes do partido entendem que a sigla deveria se aproximar de Aécio.
Estrelas da Campanha
As estrelas do horário eleitoral gratuito da presidente serão os programas Minha Casa, Minha Vida, Pronatec e Mais Médicos. "São marcas dela", sustentou o ministro.
Dilma já anunciou inclusive que lançará novas fases do Pronatec e do Minha Casa, Minha Vida. A extensão do programa habitacional deverá ser divulgada ainda em junho.
Isso tudo recheado com o debate político sobre os projetos do governo petista e dos adversários, em especial os tucanos, que já governaram o país.
Há, porém, quem veja riscos nas escolhas do PT para a campanha na TV e no rádio.
Para um aliado ouvido pela Reuters sob condição de anonimato, o governo pode ser cobrado, por exemplo, por mais vagas e resultados em relação ao Pronatec, já que o dinheiro para o programa de ensino técnico é arrecadado compulsoriamente das empresas pelo Sistema S, que inclui instituições como Senai, Sesc e Sesi, entre outras.
"No Mais Médicos também há problemas, são médicos cubanos. Talvez seja alvo de crítica", prosseguiu. "Será uma eleição muito difícil", avaliou o aliado.
Agente da Mudança
De qualquer modo, no núcleo de campanha já há a certeza também que a propaganda e o discurso de Dilma não poderão ficar restritos ao debate sobre o passado. A presidente terá que se apresentar como agente da mudança que é ansiada pelos eleitores.
"Essa é uma eleição sobre o futuro. Ela terá que apresentar novas propostas para os serviços públicos. Ela deve defender a reforma política", disse à Reuters uma fonte do núcleo de campanha.
Os serviços públicos deficientes nas áreas de saúde, educação e segurança pública estiveram no centro das reivindicações populares de junho do ano passado, quando mais de um milhão de pessoas tomaram as ruas do país em enormes protestos.
Depois dessas manifestações, a avaliação do governo e a popularidade de Dilma nunca mais foram as mesmas.
Reação
Os planos iniciais para a campanha ocorrem depois de meses conturbados para Dilma, que culminaram em abril com quedas na intenção de voto e de avaliação do governo.
Em abril, segundo o ministro ouvido pela Reuters, o governo viveu o "mais cruel dos meses". Foram elevadas as previsões para a inflação, Dilma caiu nas pesquisas eleitorais, a avaliação do governo piorou e ganhou força o "Volta, Lula".
Para completar, foi protocolada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar a Petrobras, os aliados formaram um bloco independente da articulação do governo e o PMDB se rebelou na Câmara.
Depois de tantos incêndios, muitos ainda ativos mas com menor intensidade, Dilma resolveu reagir e no pronunciamento sobre o 1o de Maio anunciou medidas para beneficiar a classe média e os mais pobres.
Segundo o ministro, naquele momento, as pesquisas internas do governo mostravam que Dilma não estava perdendo popularidade por causa das denúncias sobre a Petrobras.
"Era a inflação que estava corroendo a renda dos mais pobres, justamente os que até então apoiavam majoritariamente a reeleição."
Outros movimentos foram realizados para estancar a queda nas pesquisas. Um deles foi deixar claro, principalmente para os petistas, que não havia possibilidade de Lula ser o candidato.
Para isso, o Encontro Nacional do PT foi fundamental. O governo também mudou a estratégia de comunicação, passando a responder os ataques da oposição na mídia.
Na manhã desta quinta-feira, uma pesquisa Ibope mostrou Dilma crescendo a 40 por cento das intenções de voto, ante 37 por cento na sondagem anterior, em abril.
Mas Aécio também subiu e chegou a 20 por cento (ante 14 por cento), assim como Eduardo Campos (PSB), que foi a 11 por cento (ante 6 por cento).
Como Dilma pode ter se beneficiado pela exibição do programa do PT na quinta-feira passada, ainda é cedo para saber a eficácia da nova estratégia eleitoral da presidente.
Idade: 58 anos
Nacionalidade: Alemã Formada pela Leipzig University, Angela Merkel é chanceler da Alemanha desde 2005. Nos últimos dez anos,ficou no topo de sete edições da lista das mais poderosas da Forbes. Este ano, disputa a terceira reeleição.
Idade: 65 anos
Nacionalidade: Brasileira Formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff é a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Brasil. Sob sua batuta, o país alcançou a sétima posição entre as maiores economias do mundo. Este mês, a presidente ganhou mais um aliado, como classifica a Forbes: Roberto Azevedo tornou-se o primeiro brasileiro a assumir a liderança da OMC.
Idade: 48 anos
Nacionalidade: Americana Formada pela Duke University, Melinda Gates , ex-funcionária da Microsoft, não topou a condição de ser apenas “esposa de bilionário”. Atualmente, a fundação tem mais de mil funcionários. No último dia 13 de maio, ela afirmou durante discurso para recém-formados da Duke University que o termo abstrato humanidade “nunca irá te inspirar do mesmo jeito que os seres humanos que você conhecer”.
Idade: 49 anos
Nacionalidade: Americana Doutora em jurisprudência pela Universidade de Harvard, a primeira-dama americana tem uma taxa de popularidade mais elevada que a do marido, Barack Obama. Atualmente, desenvolve um programa contra a obesidade infantil nos Estados Unidos.
Idade: 65 anos
Nacionalidade: Americana Com um mestrado em Direito pela Universidade de Yale, Hillary Clinton caiu três posições com relação ao ano passado. Segundo a Forbes, ela é uma das principais apostas do partido Democrata para as eleições de 2016.
Idade: 43 anos
Nacionalidade: Americana Formada pela Universidade de Harvard, Sheryl Sandberg lançou este ano o livro “Lean In: Women, Work and the Will to Lead” que vendeu cerca de 150 mil exemplares na primeira semana depois do lançamento. Em 2012, o lucro do Facebook com propagandas em dispositivos móveis representou 18,4% do mercado americano.
Idade: 57 anos
Nacionalidade: Francesa Formada pelo Institut d''etudes politiques d''Aix-en-Provence, Christine Lagarde foi a primeira mulher a ocupar o posto máximo do FMI. No ano passado, ela ocupava a 8ª posição e há quem aposte que, nas próximas eleições, será candidata à presidência da França.
Idade: 55 anos
Nacionalidade: Americana Formada pela Universidade de Virginia, Janet Napolitano também foi pioneira ao assumir a secretaria de segurança interna dos Estados Unidos - o terceiro maior departamento do governo americano. Ano passado, figurou na nona posição.
Idade: 66 anos
Nacionalidade: Italiana naturalizada indiana Nascida na Itália, Sonia Ghandi é viúva do ex-primeiro-ministro indiano Rajiv Gandhi e nora da também ex-primeira-ministra Indira Gandhi. Em 2004, venceu as eleições legislativas indianas, mas não chegou a assumir. É a pessoa que lidera há mais tempo o partido do congresso nacional indiano.
Idade: 57 anos
Nacionalidade: Indiana naturalizada americana Assumiu o comando da Pepsico em outubro de 2006, mas entrou na companhia em 1994. É formada em Química, Física e Matemática pela indiana Madras Christian College. Tem mestrado em finanças e marketing pelo Indian Institute of Management em Calcutá, além de um mestrado em gestão pública e priva pela Yale University.
Idade: 61 anos
Nacionalidade: sul-coreana Engenheira formada pela Sogang Universit, Geun-hye Park é a primeira mulher a assumir a presidência da Coreia do Sul. Aos 22 anos, se tornou a primeira dama do país, após a morte de sua mãe. Seu pai liderou o país por 18 anos. Em meio às ameaças da Coreia do Norte de preconizar uma guerra nuclear, é a primeira vez que aparece no ranking.
Idade: 55 anos
Nacionalidade: americana Formada pela Northwestern University, Virginia Rometty assumiu a batuta da IBM em outubro de 2011.
Idade: 59 anos
Nacionalidade: Americana Formada pela Tennessee State University, Oprah Winfrey tem uma fortuna de 2,8 bilhões de dólares, segundo a Forbes, o que a coloca na posição 503 da lista dos bilionários da publicação. Segundo a revista, ela gastou 100 milhões de dólares na Oprah Winfrey Leadership Academy for Girls na África do Sul.
Idade: 54 anos
Nacionalidade: americana Formada pela Universidade Columbia, a CEO da Xerox foi a primeira mulher negra a liderar uma corporação nos Estados Unidos. Ela entrou na companhia na década de 80 como estagiária.
Idade: 56 anos
Nacionalidade: Americana Meg Whitman, como é chamada, preside a HP desde setembro de 2011. Antes disso, foi presidente do eBay de 1998 a 2008. É formada em Economia pela Princeton University e tem um MBA pela Harvard Business School.
Idade: 59 anos
Nacionalidade: Australiana A 36ª bilionária mais rica do mundo e a 5ª mulher mais rica do mundo, Georgina Rinehart é protagonista de algumas situações polêmicas. No ano passado, defendeu, em um artigo, que para restaurar a competitividade australiana seria necessário reduzir o salário mínimo semanal.
Idade: 31 anos
Nacionalidade: americana Os números mostram porque Beyonce é, hoje, a diva por excelência do mundo da música. Os 15 minutos do show dela no intervalo do Super Bowl 2013 atraiu 104 milhões de telespectadores ao redor do globo. Além disso, ela fechou um contrato de 50 milhões de dólares com a Pepsi e lançou um documentário autobiográfico na HBO. Além é claro de sair em uma turnê mundial de 55 dias.
Idade: 59 anos
Nacionalidade: brasileira Formada pela UFF e FGV, Graça Foster subiu uma posição com relação ao ano passado. “Em 2012, a Petrobras produziu cerca de 2 milhões de barris de óleo diariamente e espera níveis similares este ano”. No primeiro trimestre de 2013, a companhia teve lucro de 7,69 bilhões de reais, uma redução de 16,5% em relação ao mesmo período de 2012.
Idade: 59 anos
Nacionalidade: americana Formada pela Universidade de Harvard, Jill Abramson foi a primeira mulher a assumir o posto de editora-executiva do jornal em 162 anos de história.
Idade: 60 anos
Nacionalidade: americana Irene Rosenfeld está na Mondelez International (antiga Kraft Foods) desde 2007.Tem um PhD em Marketing e Estatítica, um mestrado em Ciencias da Administração de Negócios e um bacharel em Psicologia da Arte pela Cornell University.