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Dilma caiu por não apoiar "Ponte para o Futuro", diz Temer

O presidente afirmou que o país passou por um momento de instabilidade política com o impeachment, mas que o cenário agora era de estabilidade

Temer: o presidente elencou as medidas propostas pelo novo governo, como o teto de gastos públicos, a reforma da previdência e trabalhista, além do pacote de concessões e privatizações (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2016 às 14h58.

Em reunião com empresários em Nova York nesta semana, o presidente Michel Temer afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff deixou o poder porque não apoiou o Ponte para o Futuro, programa lançado pelo PMDB em outubro de 2015.

"Há muitíssimos meses atrás, eu ainda vice-presidente, lançamos um documento chamado ‘Uma Ponte Para o Futuro’, porque nós verificávamos que seria impossível o governo continuar naquele rumo. E até sugerimos ao governo que adotasse as teses que nós apontávamos naquele documento chamado ‘Ponte para o futuro’. E, como isso não deu certo, não houve adoção, instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação como presidência da República, afirmou em evento promovido pelo Council of the Americas (COA) na última terça-feira (21).

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Durante sua fala, o presidente afirmou que o país passou por um momento de instabilidade política com o impeachment, mas que o cenário agora era de estabilidade, devido ao apoio que o Executivo tem no Legislativo.

"Nós temos uma estabilidade política extraordinária, por causa da relação muito adequada entre o Executivo e o Legislativo. Temos uma estabilidade política, o que também dá segurança jurídica, porque nós temos alardeado que lá no Brasil o que for contratado será cumprido."

Temer elencou as medidas propostas pelo novo governo, como o teto de gastos públicos, a reforma da previdência e trabalhista, além do pacote de concessões e privatizações anunciado na semana passada, a fim de atrair investimentos.

Diversas ações em discussão pelo Planalto são uma adaptação do conteúdo da Ponte para o Futuro. O documento propõe 10 medidas, entre elas acabar com as vinculações constitucionais para Saúde e Educação.

A desindexação dos benefícios da Previdência ao reajuste do salário mínimo e a prevalência das convenções coletivas sobre as normas legais no âmbito trabalhista também são pontos do programa.

Vice decorativo

Ao longo da articulação pelo impeachment, Temer fez diversas demonstrações de descolamento do governo Dilma e se mostrou insatisfeito com a falta de participação do PMDB nas decisões do Planalto.

Dois meses após o lançamento do Ponte para o Futuro, vazou uma carta em que o peemedebista diz à petista que havia perdido "todo protagonismo político" e atuava "como vice decorativo".

O desgaste culminou com o rompimento do PMDB com o governo Dilma em março deste ano, um mês antes de a admissibilidade do impeachment ser aprovada na Câmara dos Deputados.

A fala de Temer a empresários reforça o descontentamento entre as duas legendas como um fator determinante para a queda de Dilma. Temer não citou, em sua fala, o motivo jurídico para o impeachment: a edição de créditos suplementares sem a autorização do Congresso e as pedaladas fiscais, atrasos de repasses do Tesouro Nacional para o Banco do Brasil no Plano Safra.

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