Dia do canto da sereia
Hoje é o dia do canto da sereia do governo Temer. A partir das 11h, acontece a primeira reunião do Programa de Parceria de Investimentos, o PPI, na qual devem ser anunciadas as primeiras concessões para a iniciativa privada. A ambição é grande. O governo pretende arrecadar entre 20 e 30 bilhões com concessões em […]
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2016 às 06h30.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h42.
Hoje é o dia do canto da sereia do governo Temer. A partir das 11h, acontece a primeira reunião do Programa de Parceria de Investimentos, o PPI, na qual devem ser anunciadas as primeiras concessões para a iniciativa privada. A ambição é grande.
O governo pretende arrecadar entre 20 e 30 bilhões com concessões em 2017 – para que não haja aumento de impostos, serão necessários 24 bilhões em concessões, além de outros 26 bilhões com o aumento da arrecadação decorrente da melhoria no PIB e de privatizações. No campo das concessões, a maior parte do dinheiro arrecadado em 2017 virá dos setores de petróleo e gás, que não serão discutidos na reunião de hoje porque o projeto que muda a partilha do pré-sal não foi aprovado na Câmara – o que pode acontecer também hoje.
Ainda assim, a lista a ser divulgada nesta terça-feira será extensa, com até 25 projetos. Aeroportos como Fortaleza, Florianópolis, Salvador e Porto Alegre estarão lá. Só eles devem atrair quatro bilhões de reais. Podem pintar surpresas como o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e Congonhas, em São Paulo, e, até ontem, havia negociação para que o de Recife integrasse a lista. Ao menos uma rodovia, áreas portuárias e ferrovias estarão na lista – assim como a Lotex, a loteria da Caixa, que deve ser privatizada.
Além dos projetos federais, serão incluídos no anúncio serviços estaduais, como as companhias de saneamento do Rio de Janeiro, do Pará e de Rondônia. Também deve ser anunciada a concessão da distribuidora goiana de energia elétrica, a Celg-D – cujo processo de privatização, em agosto, foi cancelado por falta de interessados.
Tão importante quanto quais projetos serão colocados no mercado, é a regulação a ser implementada. O modelo utilizado pelo governo Dilma, com restrições quanto ao retorno para investidores, deve ser deixado de lado. O BNDES, um dos principais financiadores de infraestrutura no país, não subsidiará mais juros aos interessados. É hora de o realismo entrar em campo – falta combinar com os interessados.