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Depoimento de Moro na PF sobre acusações contra Bolsonaro dura 8 horas

Ex-ministro afirmou que apresentaria provas ao Supremo de que o presidente tentou interferir na Polícia Federal, acusação feita em sua demissão

Moro: ex-ministro prestou depoimento na Polícia Federal depois de acursar o presidente Jair Bolsonaro de interferência no órgão (Ueslei Marcelino/Reuters)
BC

Beatriz Correia

Publicado em 3 de maio de 2020 às 09h06.

O depoimento do ministro Sergio Moro na sede da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba acabou depois de 8 horas. O ex-ministro foi ouvido no sábado (2) pela delegada Christiane Corrêa Machado, chefe do Setor de Inquéritos Especiais do Supremo Tribunal Federal , nas apurações sobre interferência política do presidente Jair Bolsonaro no comando da corporação. A oitiva é tomada por ordem do ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do caso.

Nas imediações da sede da PF, manifestantes a favor do governo e apoiadores do ex-ministro se aglomeram durante a tarde, mas começaram a se dispersar no início da noite. Um entregador levou pizzas para a superintendência no início da noite.

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Moro acusou Bolsonaro de trocar o comando da PF para obter informações e relatórios sigilosos de investigações ao anunciar demissão, na semana passada. O Planalto se preocupa com o andamento de inquéritos que apuram esquemas de divulgação de "fake news" e financiamento de atos antidemocráticos realizados em abril, em Brasília.

"O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência, seja diretor, superintendente, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm de ser preservadas. Imagina se na Lava Jato, um ministro ou então a presidente Dilma ou o ex-presidente (Lula) ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações", disse Moro, ao comentar as pressões de Bolsonaro para a troca no comando da PF.

À revista Veja, o ex-ministro afirmou que apresentaria as provas "em momento oportuno" - isso incluiu áudios e inúmeras trocas de mensagens pessoais e de governo trocadas com o presidente pelo WhatsApp, aplicativo favorito de Bolsonaro para delegar ordens a subordinados.

A PGR será representada pelos procuradores João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita - este último integrou o grupo de trabalho da Lava Jato dentro da Procuradoria-Geral desde a gestão Raquel Dodge.

A investigação mira tanto no presidente quanto em Moro. O ex-ministro é investigado por suposta denunciação caluniosa e crime contra a honra.

Ao autorizar na última segunda-feira, 27, a abertura do inquérito, em uma decisão de 17 páginas, o decano observou que o presidente da República "também é súdito das leis", apesar de ocupar uma "posição hegemônica" na estrutura política brasileira "ainda mais acentuada pela expressividade das elevadas funções de Estado que exerce".

Na véspera do depoimento de Moro, o presidente Jair Bolsonaro esteve reunido por cerca de três horas com o novo ministro da Justiça, André Mendonça, no Palácio da Alvorada.

Horas antes do depoimento de Moro, o presidente utilizou suas contas nas redes sociais chamou o ex-ministro de "Judas" ao divulgar vídeo em que uma pessoa não identificada diz ter ouvido vozes de outras pessoas que falariam com Adélio no momento do crime - mesmo com dois inquéritos da Polícia Federal, um deles já concluído, apontarem que o esfaqueador agiu sozinho.

Durante a manhã, ao deixar o Palácio do Alvorada, o presidente não quis falar com a imprensa, mas disse a apoiadores que não será alvo de nenhum "golpe" em seu governo."Ninguém vai fazer nada ao arrepio da Constituição. Ninguém vai querer dar o golpe para cima de mim, não", disse Bolsonaro.

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