Delegado defende legalização das drogas contra a violência
Segundo Orlando Zaccone, é fundamental que a “irracionalidade” que envolve a questão das drogas seja desconstruída.
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2014 às 21h53.
Rio de Janeiro - Para combater a violência é preciso implantar uma nova política de drogas , que contemple a legalização de todas as substâncias, já que atualmente a guerra às drogas mata mais do que o consumo delas, de acordo com o cientista político e delegado da Polícia Civil Orlando Zaccone.
Segundo ele, além da desmilitarização das polícias para diminuir o número de mortes, é fundamental que a “irracionalidade” que envolve a questão das drogas seja desconstruída.
“Eu sou policial e participo de uma associação internacional formada por policiais a favor da legalização, como marco para reduzir a violência provocada por uma guerra que não protege o que diz que quer proteger, porque se diz que o combate ao comércio dessas substâncias é para proteger a saúde, mas em detrimento disto se produz muito mais letalidade”, destacou.
Ele diz que o Brasil foi o primeiro país a proibir a maconha, e fez isso num ato racista, já que a planta era consumida pelos escravos. Para Zaccone, a legalização vai fazer com que o mercado das substâncias deixe de ser violento.
“Você não tem um mercado de fármacos com violência - de tabaco, do álcool, nem do rivotril, nem da ritalina - porque são drogas legais. O que cria a violência não é a droga, é a proibição. O exemplo da Lei Seca nos Estados Unidos é muito claro, quando se proibiu o álcool nos Estados Unidos o resultado da violência foi que crianças morriam sem nunca ter usado álcool, porque estavam no meio da briga de gangues, do Al Capone”, ressaltou.
O delegado acredita que a regulamentação levará os índices de homicídio no Brasil a caírem drasticamente.
“Todo mundo fica com medo - 'ah, vai aumentar o roubo, porque eles [os traficantes] não vão mais poder ganhar a sua subsistência no tráfico e vão partir para outros crimes'. Mas pouco se fala dos índices que vão ser reduzidos, e o homicídio é um deles. Não se cobra dívida de bar matando a pessoa, mas na 'boca' se cobra com morte. A competição no mercado lícito se dá através de outras práticas, que não são vistas no mercado ilícito, onde uma gangue quer invadir o território da outra com armamento militar. E a polícia também é jogada numa tragédia, dentro de um ambiente de violência e corrupção que ela não tem como resolver”, acrescentou.
Zaccone rechaça a ideia de que a legalização aumentaria o consumo de drogas, e lembra que a substância que teve uma política pública forte no Brasil, o tabaco, teve redução no consumo.
“Foi a única droga que teve uma política pública, com proibição da propaganda do tabaco, restrição dos locais de consumo, informação ao consumidor dos danos, da lesividade daquele produto e uma parceria da sociedade. Hoje, não se vê mais ninguém fumando numa novela, mas tomando uma cervejinha é o dia inteiro. Então, regulamentando todas as drogas e fazendo com que exista política pública, proibindo propaganda, restringindo local de consumo, controlando, fiscalizando, a gente vai conseguir reduzir o consumo dessas drogas. O proibicionismo, além de não reduzir o consumo, ainda cria outros problemas como o aumento dos índices de violência, de corrupção. Então, não chegamos a lugar nenhum”, explicou.
Rio de Janeiro - Para combater a violência é preciso implantar uma nova política de drogas , que contemple a legalização de todas as substâncias, já que atualmente a guerra às drogas mata mais do que o consumo delas, de acordo com o cientista político e delegado da Polícia Civil Orlando Zaccone.
Segundo ele, além da desmilitarização das polícias para diminuir o número de mortes, é fundamental que a “irracionalidade” que envolve a questão das drogas seja desconstruída.
“Eu sou policial e participo de uma associação internacional formada por policiais a favor da legalização, como marco para reduzir a violência provocada por uma guerra que não protege o que diz que quer proteger, porque se diz que o combate ao comércio dessas substâncias é para proteger a saúde, mas em detrimento disto se produz muito mais letalidade”, destacou.
Ele diz que o Brasil foi o primeiro país a proibir a maconha, e fez isso num ato racista, já que a planta era consumida pelos escravos. Para Zaccone, a legalização vai fazer com que o mercado das substâncias deixe de ser violento.
“Você não tem um mercado de fármacos com violência - de tabaco, do álcool, nem do rivotril, nem da ritalina - porque são drogas legais. O que cria a violência não é a droga, é a proibição. O exemplo da Lei Seca nos Estados Unidos é muito claro, quando se proibiu o álcool nos Estados Unidos o resultado da violência foi que crianças morriam sem nunca ter usado álcool, porque estavam no meio da briga de gangues, do Al Capone”, ressaltou.
O delegado acredita que a regulamentação levará os índices de homicídio no Brasil a caírem drasticamente.
“Todo mundo fica com medo - 'ah, vai aumentar o roubo, porque eles [os traficantes] não vão mais poder ganhar a sua subsistência no tráfico e vão partir para outros crimes'. Mas pouco se fala dos índices que vão ser reduzidos, e o homicídio é um deles. Não se cobra dívida de bar matando a pessoa, mas na 'boca' se cobra com morte. A competição no mercado lícito se dá através de outras práticas, que não são vistas no mercado ilícito, onde uma gangue quer invadir o território da outra com armamento militar. E a polícia também é jogada numa tragédia, dentro de um ambiente de violência e corrupção que ela não tem como resolver”, acrescentou.
Zaccone rechaça a ideia de que a legalização aumentaria o consumo de drogas, e lembra que a substância que teve uma política pública forte no Brasil, o tabaco, teve redução no consumo.
“Foi a única droga que teve uma política pública, com proibição da propaganda do tabaco, restrição dos locais de consumo, informação ao consumidor dos danos, da lesividade daquele produto e uma parceria da sociedade. Hoje, não se vê mais ninguém fumando numa novela, mas tomando uma cervejinha é o dia inteiro. Então, regulamentando todas as drogas e fazendo com que exista política pública, proibindo propaganda, restringindo local de consumo, controlando, fiscalizando, a gente vai conseguir reduzir o consumo dessas drogas. O proibicionismo, além de não reduzir o consumo, ainda cria outros problemas como o aumento dos índices de violência, de corrupção. Então, não chegamos a lugar nenhum”, explicou.