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Delator diz ter pago propina de R$ 15 mi para Duque e Costa

Delator disse que, representando consórcio formado por empreiteiras, pagou R$ 15 milhões para os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Paulo Roberto Costa

Operação Lava Jato: valores teriam sido remetidos ao exterior (Divulgação / Polícia Federal)
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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2015 às 22h37.

Curitiba e São Paulo - O delator Júlio Gerin Camargo afirmou nesta quarta-feira, 4, que como representante do consórcio Ecovap, formado pelas empreiteiras OAS , SOG Óleo e Gás e Toyo Engeneering pagou R$ 15 milhões em propina para os ex-diretores da Petrobras Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento).

Os valores teriam sido remetidos ao exterior, por meio de transferência oficiais dentro do sistema de controle do Banco Central, por meio de suas três empresas de consultoria.

"Nesse (contrato do consórcio Ecovap) foram R$ 15 milhões em duas áreas, Engenharia metade e outra metade para Abastecimento", afirmou Camargo, em depoimento à Justiça Federal na ação penal em que executivos da OAS são réus. O consórcio foi formado para execução de obras na Refinaria Henrique Lange, em São José dos Campos (SP), a partir de 2007 por R$ 1,5 bilhão.

"(Na Diretoria de) Abastecimento iria para o doutor Paulo Roberto e (na Diretoria de) Engenharia Renato Duque."

Questionado pelos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, o delator afirmou que a "maioria (do dinheiro) foi para o exterior". "Quando era solicitada alguma coisa em reais, eu fazia depósito no exterior e o Alberto (Youssef) depositava em reais no Brasil", explicou ele. As suas empresas de consultoria - Treviso, Auguri e Piemonte - eram usadas para fazer o envio da propina.

"Essas empresas remetiam oficialmente pelo Banco Central, através dos lucros auferidos pelas receitas frutos do faturamento do consórcio, com impostos pagos", explicou ele. Questionado pelo juiz federal Sérgio Moro, Camargo afirmou ter pago propina para os ex-diretores em seis contratos da estatal.

O delator apontou ainda o doleiro Alberto Youssef como operador oficial dos recebimentos de propina na Diretoria de Abastecimento, por indicação do ex-deputado José Janene - morto em 2010 -, ex-líder do PP e pivô do escândalo Petrobrás.

A empreitara OAS tem seis executivos denunciados na Lava Jato, entre eles o presidente José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro. A empreiteira e seus executivos negam irregularidades e pagamentos de propina. Parte dos acusados no processo estão presos desde o dia 14 de novembro de 2014.

Na denúncia, os executivos da OAS, Youssef e seus operadores e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa são acusados por terem praticado 20 atos de corrupção e 14 de lavagem de dinheiro. A empreiteira é acusada pelo MPF de ter pago um total de R$ 29 milhões em propina para corromper Costa e o diretor de Serviços Renato Duque, indicado para o cargo pelo PT.

Só pelos contratos da OAS com a Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, entre 2004 e 2012, o Ministério Público Federal almeja o ressarcimento de R$ 213 milhões, referente aos 3% que eram desviados dos contratos

São Paulo - Depois de 16 meses de investigações, 36 pessoas que estavam na mira da Operação Lava Jato foram denunciadas pelo Ministério Público Federal. Este, contudo, seria apenas o começo, de acordo com Rodrigo Janot, procurador-geral da República e chefe do MPF. Ao todo, 23 pessoas ligadas às empresas Camargo Corrêa , Engevix, Galvão Engenharia , Mendes Júnior , OAS e UTC também foram denunciadas pela Procuradoria. O MPF estima que 286 milhões de reais tenham sido movimentados no esquema e espera um ressarcimento mínimo de 971,5 milhões de reais.

Se o juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, acatar a denúncia, os 35 envolvidos serão julgados por crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro e crime de corrupção. Segundo o relatório divulgado pela Procuradoria, as penas podem chegar a 127 anos de detenção, caso o réu seja considerado culpado pelos crimes de organização criminosa, 3 atos de corrupção e 3 atos de lavagem de dinheiro. A Mendes Júnior, por exemplo, teria acumulado 53 atos de corrupção. Veja a lista de penas possíveis para cada crime:
CrimePena mínimaPena Máxima
Organização criminosa4 anos e 4 meses13 anos e 4 meses
Corrupção2 anos e 8 meses21 anos e 4 meses
Lavagem de dinheiro4 anos16 anos e 8 meses
Veja a lista dos 35 denunciados no esquema de corrupção da Petrobras.
  • 2. Mendes Junior + GFD

    2 /7(Divulgação)

  • Veja também

    Mendes Junior + GFD
    Denunciados16
    Corrupção da empresa (R$)71.602.688,48
    Ressarcimento buscado (R$)214.808.065,45
    Valor envolvido na lavagem (R$)8.028.000,00
    Número de atos de corrupção e lavagem53 corrupções e 11 lavagens + 30 lavagens
  • 3. Camargo Corrêa + UTC

    3 /7(Divulgação)

  • Camargo Corrêa + UTC
    Denunciados10
    Corrupção da empresa (R$)86.457.578,91
    Ressarcimento buscado (R$)343.033.978,68
    Valor envolvido na lavagem (R$)36.876.887,75
    Número de atos de corrupção e lavagem11 corrupções e 7 lavagens
    Veja o posicionamento da Camargo Corrêa e da UTC “A Construtora Camargo Corrêa esclarece que pela primeira vez seus executivos terão a oportunidade de conhecer todos os elementos do referido processo e apresentar sua defesa com a expectativa de um julgamento justo e equilibrado.”
    "Os advogados da UTC não tiveram acesso à denúncia e só se manifestarão depois de analisá-la."
  • 4. Engevix

    4 /7(Divulgação/ Engevix)

    Engevix
    Denunciados9
    Corrupção da empresa (R$)52.977.089,89
    Ressarcimento buscado (R$)158.931.269,69
    Valor envolvido na lavagem (R$)13.432.500,00
    Número de atos de corrupção e lavagem33 corrupções e 31 lavagens
    Veja o posicionamento da Engevix: "A Engevix, por meio dos seus advogados, prestará os esclarecimentos necessários à justiça."
  • 5. Galvão Engenharia

    5 /7(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    Galvão Engenharia
    Denunciados7
    Corrupção da empresa (R$)46.063.344,24
    Ressarcimento buscado (R$)256.546.958,55
    Valor envolvido na lavagem (R$)5.512,430,00
    Número de atos de corrupção e lavagem37 corrupções e 12 lavagens
  • 6. OAS

    6 /7(REUTERS/Aly Song)

    OAS
    Denunciados9
    Corrupção da empresa (R$)29.321.227,22
    Ressarcimento buscado (R$)213.039.145,36
    Valor envolvido na lavagem (R$)10.300.038,93
    Número de atos de corrupção e lavagem20 corrupções e 14 lavagens
  • 7. Veja outras matérias sobre a corrupção na Petrobras

    7 /7(Vanderlei Almeida/AFP)

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