De Campos (2014) a Bolsonaro (2018): como a comoção afeta as pesquisas?
Até onde vai o candidato do PSL? Cinco pesquisas a serem divulgadas esta semana devem responder a grande pergunta pós-atendado
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2018 às 05h59.
Última atualização em 10 de setembro de 2018 às 07h35.
Uma sequência de cinco pesquisas a serem divulgadas esta semana deve responder a grande pergunta pós-atendado: até onde vai Jair Bolsonaro (PSL)? O mais importante dos levantamentos será o Datafolha desta segunda-feira – é a primeira grande pesquisa a ir a campo após o ataque a faca contra o deputado que lidera a corrida eleitoral.
Analistas estarão de olho em alguns números-chave. A rejeição a Bolsonaro cairá, num sinal de que o ataque fez dele um candidato palatável a uma parcela maior do eleitorado? A intenção de votos sobe quanto? Se não subir nada, ou pouco, é sinal de que seu teto pode ter chegado (ao menos no primeiro turno). Seu desempenho no segundo turno frente aos adversários é outro ponto de atenção. “Bolsonaro teve uma grande exposição positiva nos últimos dias. Se ainda assim estiver mal no segundo turno e com rejeição alta, fica difícil para ele”, diz Lucas de Aragão, sócio da consultoria política Arko Advice.
Uma comparação inevitável é com as repercussões após o acidente de avião que matou Eduardo Campos, candidato do PSB, 53 dias antes do primeiro turno da corrida presidencial de 2014. A campanha, na época, foi mais longa que a atual. Eduardo Campos tinha 8 pontos percentuais no dia do acidente. O primeiro Datafolha após sua morte, divulgado cinco dias depois, deu 21 pontos para sua vice, Marina Silva. Marina manteve a escalada até chegar a 34 pontos, no dia 29 de agosto, empatada com Dilma Rousseff (PT), e 19 pontos à frente de Aécio Neves (PSDB). Foi quando um trabalho de desconstrução de sua candidatura, liderado pelo PT, deixou Marina fora do segundo turno, com 21% dos votos.
Desta vez, o Datafolha será divulgado quatro dias após o ataque a Bolsonaro. Ele vai revelar uma subida súbita, como aconteceu com Marina Silva? É pouco provável, segundo analistas consultados por EXAME . Em 2014 Marina já tinha cerca de 25% de intenções de voto antes de decidir sair como vice de Eduardo Campos. A chapa também tinha uma rejeição baixa, o que não acontece com Bolsonaro. “Eu não acredito em disparada na pesquisa de desta segunda-feira”, diz Aragão.
Na terça-feira, as atenções já se voltam para a confirmação de Fernando Haddad como candidato do PT, e para quando os adversários retomarão os ataques a Bolsonaro. Faltam apenas 27 dias para o fim da mais imprevisível campanha presidencial desde a redemocratização.