CPMI do 8 de janeiro ouve ex-chefe da PRF sobre bloqueio de rodovias nas eleições; acompanhe ao vivo
Base de Lula quer questionar ligação de Silvinei Vasques com Bolsonaro e Anderson Torres; autores de mensagens trocadas com Mauro Cid entram na mira
Agência de notícias
Publicado em 20 de junho de 2023 às 06h51.
Última atualização em 20 de junho de 2023 às 09h42.
O ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) esuspeito de bloquear rodovias para fins eleitorais na disputa presidencial de 2022, Silvinei Vasques será o primeiro ouvido pela CPI do 8 de janeiro, nesta quinta-feira. Deputados e senadores governistas pretendem usar o depoimento para investigar eventuais ligações do caso com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Além disso, a base governista tenta um acordo com o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), para votar requerimentos de convocações do coronel Jean Lawand Júnior, que apareceu em mensagens trocadas com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, incentivando um plano golpista para impedir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tomar posse, e do general Edson Rosty, que foi citado por Lawand em conversa com Cid sobre um planejamento de golpe. Após as mensagens virem à tona, o Exército afirmou que se tratam de "opiniões pessoais" que não representam o pensamento da Força.
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"Vamos tentar. Eu e vários deputados e senadores solicitamos e antes das 48 horas regimentais. O presidente Artur Maia deve ter incluído", disse o deputado Rogério Correa (PT-MG), que faz parte da tropa de choque governista da CPI. Até a noite desta segunda-feira, os pedidos de convocação ainda não constavam na pauta da comissão.
A pauta da sessão também conta com requerimentos de pedido de informação a inquéritos sobre o caso que estão sob a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal, além de pedidos de convocação do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e de Saulo Cunha, que comandou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante os ataques. Os dois requerimentos foram votados e derrotados na semana passada, mas o presidente da CPI, deputado Arthur Maia decidiu pautar após novas solicitações da oposição.
A PRF é subordinada ao Ministério da Justiça, que na época do segundo turno da eleição era comandado por Torres. Além disso, Silvinei chegou a fazer campanha para Bolsonaro nas redes sociais.
Há um inquérito aberto a pedido da Polícia Federal que apura se o ex-chefe da PRF teria, no dia do segundo turno da eleição presidencial, determinado bloqueios em rodovias para prejudicar a locomoção de eleitores de Lula. Parlamentares governistas querem saber o grau de participação de Bolsonaro e Torres no episódio.
Em depoimento prestado à PF em maio, Torres disse que não houve nenhuma orientação por parte da pasta que ele comandava sobre bloqueio em rodovias nas eleições. Por outro lado, o delegado Leandro Almada, superintendente da PF na Bahia no período eleitoral, afirmou em depoimento que recebeu um pedido do então ministro da Justiça para reforçar o policiamento nas ruas em 30 de outubro.
O deputado Rogério Correa disse que a base vai querer saber "tudo" da relação de Silvinei com Bolsonaro e Torres, além de todo o episódio envolvendo os bloqueios nas rodovias.
"Vai entrar, vamos explorar isso tudo com ele. Vamos ver se ele fala – declarou. – Se ele não responder nada ou começar a mentir e não tiver habeas corpus, nem nada, vai ter que responder. Se não, pode ser preso se não prestar esclarecimento", completou.
O deputado também afirmou que será abordada a denúncia de compras de veículos suspeita de serem superfaturadas durante a gestão dele na PRF. O caso foi revelado pelo Fantástico, da TV Globo. "E também desvencilhar a compra de blindados e caveirões superfaturados", citou.
Acompanhe o depoimento de Silvinei Vasques na CPMI do 8 de janeiro ao vivo
Cronologia da tentativa golpista
Primeiro vice-presidente da CPI, o senador Cid Gomes (PDT-CE) declarou que o depoimento de Silvinei é importante por conta da decisão da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da comissão, de seguir uma ordem cronológica na apuração dos ataques golpistas.
"A Mesa da CPMI entendeu que a relatora vai ter sua linha de investigação respeitada. Na sua linha de investigação está presente uma coisa cronológica, a partir de um marco que ela mesma aponta", disse.
Apesar disso, o senador contrariou o que vem pregando a relatora e avaliou que o depoimento de Torres não deverá ser um dos primeiros da CPI.
"Como tem uma conversa de que ele (Torres) está mal de saúde e que vai até apresentar atestado médico, para a gente começar fizemos essa opção coletivamente, a Mesa fez, para começar com essas duas audiências. A audiência dos eventos relativos ao possível abuso eleitoral da Polícia Rodoviária Federal, na terça, e na quinta os eventos relacionados à bomba do aeroporto de Brasília (com George Washington Oliveira)".
O parlamentar também discordou da decisão de Maia de pautar novamente a convocação de GDias e Saulo Cunha. "Óbvio que é um direito que ele tem. (Mas) Eu ponderei que isso, se for assim, vai se comportar sempre como uma coisa de situação contra oposição", apontou.