Cobiçado pelo Centrão, programa Calha Norte é transferido para pasta comandada pela União
Calha Norte foi criado em 1985 para melhorar a infraestrutura das fronteiras, mas passou a ser irrigado por emendas e usado para viabilizar obras em redutos eleitorais de parlamentares
Agência de notícias
Publicado em 28 de agosto de 2024 às 14h37.
Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 15h56.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, anunciou a transferência do programa Calha Norte , hoje sob sua gestão, ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, comandado por Waldez Góes e área de influência do Centrão.
Góes foi indicado ao cargo pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP), favorito para comandar o Senado a partir do ano que vem. A ideia de mudar a gestão do programa foi antecipada pelo O Globo em janeiro.
O Calha Norte foi criado em 1985 para melhorar a infraestrutura das fronteiras da Região Norte e expandir unidades militares, mas passou a ser irrigado por emendas e usado para viabilizar obras em redutos eleitorais de parlamentares da região, gerando incômodo nos militares. Com a mudança, Múcio pretende esvaziar a ingerência de políticos nos recursos administrados pela pasta.
Com a mudança, a pasta de Intregração e Desenvolvimento Regional, que tem orçamento de R$ 5,4 bilhões para 2024, será ainda mais turbinada com recursos do Calha Norte.
Na avaliação de auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, faz mais sentido o projeto estar em um ministério que cuida de iniciativas semelhantes, tirando da Defesa a articulação para o pagamento das verbas. A interlocutores, Múcio avalia que não há motivo para o ministério, dedicado a questões militares, manter o controle de uma ação que é vitrine para congressistas.
A retirada do Calha Norte da Defesa é mais uma iniciativa de Múcio para reduzir tensões e afastar militares do cotidiano da política. Ao longo do ano passado, ele também apoiou uma Proposta de Emenda à Constituição ( PEC ) que veda militares da ativa de se candidatarem.