Ciro articula 24 partidos para reeleição de governador petista do Ceará
A coligação é inédita, e gira em torno da reeleição do governador Camilo Santana (PT), afilhado político do pedetista
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de maio de 2018 às 13h52.
Última atualização em 25 de maio de 2018 às 13h54.
Brasília - Pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes articula uma coligação inédita de 24 partidos no Ceará, seu reduto eleitoral, em torno da reeleição do governador Camilo Santana ( PT ), afilhado político do pedetista. A costura tem a ajuda do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), seu antigo desafeto político. O Ceará tem o oitavo maior colégio eleitoral do País, com 6,2 milhões de eleitores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) .
Eunício foi responsável por trazer para o grupo de Ciro partidos como o MDB, PR, PRB e, mais recentemente, o Solidariedade. Até então opositores ferrenhos, os dois fizeram pacto de não agressão e devem estar no mesmo lado na campanha deste ano. O senador tentará a reeleição na chapa de Santana e já indicou apoio ao pedetista na disputa nacional.
"(O ex-presidente) Lula foi a força de que nós precisávamos. Nós temos agora, bem pertinho, mais na frente, a oportunidade de dizer ao Brasil que o Nordeste tem condições de avançar muito mais pelas mãos de um outro nordestino", disse Eunício, sábado passado, em Sobral, reduto político de Ciro.
O pedetista também ganhou a ajuda do DEM, partido que tem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), como pré-candidato ao Palácio do Planalto. Presidente estadual da legenda, o empresário Chiquinho Feitosa intermediou reaproximação entre o grupo do pedetista e o PSD, que estavam rompidos oficialmente desde 2017.
"É uma reaproximação buscando ter uma relação como tínhamos no passado", afirmou ao Estadão/Broadcast o líder do PSD na Câmara, Domingos Neto, que preside o partido no Ceará. Neto é casado com a sobrinha de Chiquinho, que é cunhado do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
Com essa articulação, o grupo de Ciro garantiu à candidatura de Santana apoio de partidos das mais diversas tendências políticas, superando a coligação com 18 legendas que apoiaram o petista na disputa de 2014. Entre os integrantes da aliança estão, por exemplo, siglas de esquerda, como PT, PDT, PCdoB e PSB, e outras do centro e que apoiaram o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), entre elas, DEM, PP, PR, PSD, PV, PSC e PTB. Segundo o ex-governador Cid Gomes (PDT), irmão e coordenador da campanha de Ciro, a meta é usar essa coligação para garantir votos de ao menos 50% dos eleitores cearenses.
Palanques
A estratégia de reunir um grande número de partidos na mesma coligação reduziu a formação de palanques para outros presidenciáveis no Ceará. Um dos únicos a desafiar a reeleição de Santana será o PSDB, do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
Os tucanos lançaram nesta semana como pré-candidato a governador o general do Exército Guilherme Theófilo. Porém, ele só tem até agora o apoio de uma sigla: o PROS. "Na minha vida política desde 1986, nunca estive tão só. Isso é inédito na história do Ceará e em outros Estados do Brasil. Não existe isso. Me senti tão só", desabafou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O PSOL também terá um palanque para Guilherme Boulos, seu pré-candidato à Presidência. No Estado, a sigla deve lançar o bancário Ailton Lopes como candidato a governador. Fora PSDB e PSOL, outros presidenciáveis como Maia e o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) não devem ter apoio de candidatos ao governo no Ceará.
Até mesmo o PT, partido do governador, também deve ficar sem palanque no Ceará. Santana já comunicou ao partido que fará campanha para Ciro. "O único nome que o PT teria para construir uma candidatura viável é o nome do Lula. Não sendo Lula, defendo que o nome seja o do Ciro e que o PT indique o vice já no primeiro turno", disse o governador.