Cármen Lúcia diz que julgamento de foro está mantido a princípio
O projeto que extingue o foro privilegiado para todas as autoridades, com exceção dos chefes dos Três Poderes, foi aprovado na CCJ do Senado hoje (26)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de abril de 2017 às 19h06.
Brasília - A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia , disse nesta quarta-feira, 26, que "em princípio" está mantido o julgamento previsto para o dia 31 de maio de uma ação penal que trata do alcance do foro privilegiado.
Responsável por elaborar a pauta das sessões plenárias da Corte, a ministra afirmou que os poderes estão "harmônicos" no país.
Em uma reviravolta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, os parlamentares aprovaram de maneira expressa o projeto que extingue o foro privilegiado para todas as autoridades, com exceção dos chefes dos Três Poderes.
"A CCJ aprovou (restrição do foro), mas eu tenho de ler, verificar, saber qual é o texto, deixa eu estudar que depois a gente conversa", disse a presidente do STF a jornalistas, no intervalo da sessão plenária desta tarde.
Os ministros do STF discutirão a questão no dia 31 de maio, quando está previsto o julgamento de uma ação penal, sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, contra o atual prefeito de Cabo Frio, Marcos da Rocha Mendes (PMDB), por crime eleitoral.
Ele é acusado de ter distribuído notas de R$ 50 e carne aos eleitores para se eleger prefeito nas eleições de 2008.
Como Mendes mudou de função de 2008 para cá, seu caso foi remetido para diversas instâncias.
Barroso defende a restrição da aplicação do foro privilegiado aos crimes relacionados estritamente ao cargo ocupado pelo político.
"Em princípio, a pauta está mantida", afirmou Cármen.
Indagada pela reportagem se os poderes não estão se atropelando na discussão do foro privilegiado, a presidente do STF respondeu:
"Não, os poderes estão harmônicos, precisamos de paz nesse País. Vamos pacificar."
Lava Jato
A presidente do STF também informou que ainda não conversou com o ministro Luiz Fux sobre a proposta dele de deixar a Segunda Turma exclusivamente com processos da Operação Lava Jato, em uma tentativa de acelerar o julgamento dos casos relacionados à maior investigação em curso no País.
Os demais casos, que não tratam de Lava Jato, seriam redistribuídos para a Primeira Turma, da qual Fux faz parte.
"Deixa ele (Fux) me falar (a proposta). Ele falou pra vocês (dirigindo-se a jornalistas) e não me deu bola", brincou Cármen.