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Brasil alega déficit para negar abertura do comércio

Argumento foi apresentado à Organização Mundial do Comércio pela diplomacia brasileira

O setor industrial brasileiro acumula um alto déficit comercial (Germano Lüders/EXAME)
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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2010 às 08h02.

Brasília - O setor industrial brasileiro acumula um déficit comercial sem precedentes e, por enquanto, apenas a alta nos preços das commodities evita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva termine seu mandato com um buraco no comércio exterior. O próprio governo admite que a valorização do real neutralizou qualquer impacto das tarifas de importação no Brasil na proteção ao mercado nacional.

Os dados foram apresentados ontem à Organização Mundial do Comércio (OMC) pela própria diplomacia brasileira como argumento de que não tem mais como abrir seu mercado, como exigem americanos e europeus. A meta dos governos é fechar a Rodada Doha em 2011. Mas Washington e Bruxelas cobram de Brasil, Índia e China concessões industriais para haver um entendimento. Ontem de forma pouco habitual, o Itamaraty usou os problemas do País para justificar a não redução das suas tarifas, como pedem os países ricos.

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“A acumulação de superávit comercial no passado tem sido um pilar central da estabilidade de nossa economia”, disse o embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo. Segundo ele, porém a valorização da moeda brasileira nos últimos anos anulou “completamente” a proteção que as tarifas garantiam. “O desempenho pobre é, em grande parte, por causa de políticas no exterior que têm impacto direto sobre o câmbio do real”, disse, sobre a decisão do Fed de inundar o mercado com créditos.

Segundo ele, antes da crise o Brasil acumulava superávit de US$ 46,5 bilhões em 2006. “Desde então, nossa moeda tem se valorizado por causa da combinação de políticas fiscais, monetárias e de câmbio dos países. Como consequência direta disso, nosso superávit comercial caiu para US$ 14,5 bilhões de janeiro a outubro de 2010. Isso significará certamente uma queda de 60% no ano”, alertou Azevedo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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