Bolsonaro visita terras indígenas na Amazônia pela 1ª vez como presidente
Visita aconteceu mesmo após protestos de líderes ianomâmis contra a iniciativa do presidente de liberar as áreas protegidas para mineração comercial
Reuters
Publicado em 28 de maio de 2021 às 14h11.
Última atualização em 28 de maio de 2021 às 14h21.
O presidente Jair Bolsonaro visitou pela primeira vez duas terras indígenas na Amazônia como chefe de Estado, na quinta-feira, apesar de protestos de líderes ianomâmis contra sua iniciativa de liberar as áreas protegidas para mineração comercial.
Cercado por oficiais do Exército e um chefe indígena local, Bolsonaro, com um cocar na cabeça, assistiu a um ritual da comunidade local na Terra Indígena Balaio, onde inaugurou uma ponte.
A ponte de madeira foi construída pelo Exército em uma estrada que vai até a fronteira com a Venezuela, passando pela Terra Balaio, onde foram encontradas grandes reservas de nióbio.
O metal é usado para fortalecer o aço e em motores a jato e Bolsonaro tem regularmente mencionado seu valor em discursos sobre as riquezas inexploradas da Amazônia que o Brasil deveria explorar.
Posteriormente, Bolsonaro visitou e passou a noite em um posto da fronteira militar em Maturacá, que fica no extremo oeste da Terra Ianomâmi, a maior do país.
A área foi invadida por mais de 20.000 garimpeiros ilegais na região leste do estado de Roraima, encorajados pelo apoio de Bolsonaro à legalização da mineração em terras indígenas no Brasil.
Líderes ianomâmis lamentaram a visita do presidente à terra e reiteraram seus apelos ao governo para expulsar os garimpeiros.
"Não aceitamos a legalização de atividades mineradoras em nossas terras. Esta ação mineradora, entendemos que não trará beneficio satisfatório para nenhum de nós indígenas ianomâmis", disseram lideranças ianomâmis em Maturacá, em carta enviada a Bolsonaro no dia 15 de maio.
A visita de Bolsonaro ocorreu um dia após garimpeiros que exploravam ilegalmente terras dos indígenas munduruku no Alto Tapajós, no Pará, dispararem contra uma comunidade munduruku e incendiarem a casa de uma liderança.
O Congresso Nacional, onde Bolsonaro tem conseguido garantir apoio da maioria, está atualmente considerando o PL 490, proposta do governo que liberaria a mineração comercial e a agricultura em terras indígenas.
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