Bolsonaro fará pronunciamento e pode cancelar manifestações de domingo
O tema do anúncio não foi informado, mas segundo a deputada Bia Kicis (PSL-DF), o presidente deve pedir para que as pessoas deixem de ir às ruas
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de março de 2020 às 17h59.
Última atualização em 12 de março de 2020 às 18h02.
A Empresa Brasileira de Comunicação informou que está convocada rede nacional obrigatória de emissoras de televisão e rádio para a noite desta quinta-feria, 12, para pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro . A fala está marcada para começar às 20h30 e deve ter duração de 4 minutos aproximadamente.
O tema do pronunciamento não foi informado. Mas, segundo a deputada Bia Kicis (PSL-DF), o presidente Bolsonaro deve pedir para que as pessoas deixem de ir às ruas no domingo e, com isso, cancelar a manifestação pró-governo, agendada para esse dia.
A decisão pelo pronunciamento se dá depois do avanço dos casos de coronavírus. O próprio presidente está com suspeita de ter contraído a doença e aguarda o resultado do exame, que deve sair nesta sexta-feira, 13.
A deputada e outros aliados do presidente defendem o cancelamento da manifestação. Se o pronunciamento se concretizar o grupo deve seguir o presidente e ir às redes sociais para se posicionar publicamente sobre o assunto.
"Seria prudente postergar. (coronavírus) Está tomando uma proporção que não imaginávamos e, apesar de querermos ir pra rua a saúde e a integridade física das pessoas está em primeiro lugar", disse o vice-líder do governo na Câmara, deputado Carlos Jordy (PSL-RJ). Jordy também acredita que Bolsonaro deve se posicionar pelo cancelamento do ato.
O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) também pede a suspensão do protesto. "É um momento grave para a saúde do Brasil. Será bom para imagem do presidente se o ato for cancelado. Depois vão surgir novos casos e vão colocar a culpa nas manifestações", disse.
Kicis tem defendido cautela. "Temos de ter responsabilidade", diz sobre possibilidade de cancelar atos. A deputada procurou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta manhã, para entender os riscos de se manter a manifestação e deve conversar com outras autoridades sobre o assunto. "Falei com o ministro e a previsão é que na próxima semana aumente muito o número de casos de coronavírus no Brasil. Diante disso temos de tomar muito cuidado", afirmou.
"Embora muitas pessoas estejam pedindo para manter (o evento), o mais importante agora é ter responsabilidade. Queremos fazer tudo com muito cuidado", disse a deputada.
Ligada aos movimentos das ruas, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) também tem defendido cautela e disse que aguarda posicionamento do Ministério da Saúde.
A manifestação chegou a ser convocada pelo presidente Jair Bolsonaro e também pela Secretaria de Comunicação do governo. Em vídeo publicado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no Twitter, o presidente afirmou que a manifestação é "espontânea" e "pró-Brasil", e não contra o Congresso ou o Judiciário. "Participem e cobrem de todos nós o melhor para todo o Brasil", declarou em evento em Boa Vista, Roraima, antes de viajar para Miami, nos Estados Unidos.
O presidente já havia chamado, por WhatsApp, aliados para participarem do ato, conforme revelado pela colunista do Estado e editora do BR Político, Vera Magalhães, o que resultou em uma semana de crise entre Legislativo e Executivo.