Bolsonaro apela para caminhoneiros não realizarem greve e avalia medidas no diesel
No encontro com Paulo Guedes, um dos assuntos foi justamente a possibilidade de compensar os caminhoneiros pelo aumento no preço do diesel
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 14h46.
Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 14h57.
O presidente da República, Jair Bolsonaro , fez nesta quarta-feira um apelo aos caminhoneiros para que desistam da paralisação da categoria, programada para a semana que vem. Ele confirmou a intenção do governo de reduzir tributos sobre o diesel para aliviar a pressão do reajuste do combustível sobre o bolso dos caminhoneiros, mas ressaltou que "não é uma conta fácil de ser feita".Cada centavo de redução no PIS/Cofins sobre o diesel teria impacto de 800 milhões de reais nos cofres públicos. "Reconhecemos o valor dos caminhoneiros para a economia, apelamos para eles que não façam greve, que todos nós vamos perder", pediu o presidente.
Bolsonaro esteve nesta quarta com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na sede da pasta. A reunião não estava na agenda oficial de nenhum deles. No encontro, um dos assuntos foi justamente a possibilidade de compensar os caminhoneiros pelo aumento no preço do diesel.
"Estamos estudando medidas. Agora não tenho como dar uma resposta de como diminuir o impacto, na verdade foram 0,09 real [ de aumento ] no preço do diesel [ na refinaria ]. Para cada centavo no preço do diesel que por ventura nós queremos diminuir no caso o PIS/Cofins, equivale a buscarmos em algum outro local 800 milhões de reais. Então não é uma conta fácil de ser feita", afirmou o presidente.
Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), técnicos ressaltam que o corte no PIS/Cofins só vai adiante se houver compensação, ou seja, elevação de outro tributo ou corte de subsídio. As opções ainda estão sendo analisadas pela área econômica. Há quem seja contra a medida por considerar que resolve a questão apenas no curtíssimo prazo, sem afastar riscos de novos reajustes nos preços.
Bolsonaro disse que a Petrobras dá reajustes conforme o preço do petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar. "Ontem tivemos boa notícia, o dólar baixou 20 centavos", afirmou.
O presidente atribuiu os preços elevados do combustível à carga de impostos, sobretudo estaduais. "O diesel, na refinaria, o preço está razoável, mas até chegar na bomba de combustível tem ICMS, tem margem de lucro, tem transportador, tem muito monopólio no meio disso", afirmou. "A solução não é fácil e estamos buscando uma maneira de não ter mais esse reajuste [ para o diesel ]. Porque os impostos federais, a gente sempre disse, eu estou pronto para zerar, a gente vai para o sacrifício, mas gostaria que o ICMS acompanhasse também essa diminuição", acrescentou.