BNDES liberará linha de crédito de R$ 1 bilhão para financiar troca de caminhões, diz Alckmin
Vice-presidente e ministro também afirmou que pedirá extensão do programa Renova Frota
Repórter de macroeconomia
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 17h14.
Última atualização em 22 de agosto de 2023 às 19h14.
O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) decidiu liberar R$ 1 bilhão em crédito parafinanciamento da compra de novos caminhões e ônibus, disse o vice-presidente Geraldo Alckmin. Os empréstimos serão feitos pelo Finame, programa do banco direcionado ao financiamento de máquinas e equipamentos.
"O BNDES não pode financiar bem de consumo, mas bem de capital. O caminhão não é para consumo, é para trabalho, para gerar renda. O financiamento, vai ser, foi decidido hoje, de R$ 1 bilhão inicial, e com Selic. Se eu fizer o financiamento a 13,25%, e a Selic cair, o juro do empréstimo cai junto, automaticamente”, disse Alckmin. Ele fez o anúncio durante um evento em Araçariguama, no interior de São Paulo, nesta terça-feira, 22.
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Ele disse também que pedirá a extensão do prazo do programa Renova Frota, que dá créditos fiscais de até R$ 80 mil para a troca de caminhões e ônibus com mais de 20 anos. A iniciativa é temporária e vale inicialmente até o começo de outubro ou até se esgote o total de R$ 700 milhões de crédito para caminhões e de R$ 300 milhões para ônibus.
Neste momento, não há planos de liberar mais dinheiro para o programa, segundo o vice-presidente, nem de retomar descontos para carros de passeio, como adotado em junho.
Parceria para aposentar caminhões velhos
No evento, foi anunciado também uma parceria das empresas Gerdau, Vamos e Volkswagem Caminhões e Ônibuspara acelerar a retirada de caminhões velhos das ruas e facilitar a implantação do programa do governo.
As concessionárias do grupo Vamos, como as redes Transrio e Tietê, passaram a comprar os veículos dos proprietários e pagá-los em dinheiro, para ajudar a resolver um dos gargalos do programa: poucos donos de caminhões antigos têm condições de financiar um modelo zero km, que pode custar dez vezes mais.
Para caminhões, o Renova Frota dá vouchers de R$ 33 mil a R$ 80 mil para quem tirar de circulação caminhões com mais de 20 anos de fabricação. O desconto pode ser usado para abater impostos na compra de modelos novos, pois dá créditos fiscais às montadoras.
Para obter o desconto, é preciso dar baixa do veículo antigo no Detran e enviá-lo para ser desmontado e reciclado. A empresa sucateadora emite um certificado de que aquele caminhão foi desmobilizado e esse documento permite o acesso ao benefício fiscal.No entanto, o desconto obtido é pequeno perto do valor de um caminhão novo: um modelo zero km de ponta pode chegar a custar R$ 800 mil.
"A maioria dos donos de caminhões com mais de 20 anos são autônomos, que acabam ficando reféns do veículo, pois tem dificuldade para vendê-lo no mercado e não tem condições para financiar ou pagar as parcelas de um veículo zero", comenta Gustavo Couto, CEO da Vamos. “Com um caminhão velho, também acabam pegando os piores fretes.”
A Vamos passou então a comprar os caminhões antigos dos donos e pagar o valor do desconto a eles em dinheiro. Até agora, foram compradas 140 unidades. Além disso, criou um programa para facilitar o financiamento de caminhões seminovos. “O caminhoneiro tem um ganho ao trocar um veiculo de 30 anos por um de 10, que ele consegue pagar”, diz Couto.
Em seguida, a Vamos encaminha os veículos para serem desmontados pela Gerdau e, com o certificado de desmonte, consegue obter desconto para comprar unidades novas junto à Volkswagen.
Couto, do Vamos, avalia que os R$ 700 milhões devem permitir a retirada de um total entre 10 mil e 12 mil caminhões antigos das estradas. No entanto, ele aponta que há cerca de 1,5 milhão de unidades sendo usadas por autônomos, e que a maioria delas tem mais de duas décadas. A idade média da frota de caminhões no país é de 20 anos, o dobro do registrado nos Estados Unidos e na Europa.