Bairros vizinhos ao Itaquerão tiveram aumento de assaltos
Bairros vizinhos ao Itaquerão sentem os efeitos do aumento do comércio, mas sofrem com os maiores índices de roubo a moradores e frequentadores da região
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2014 às 10h37.
São Paulo - Na reta final para a Copa do Mundo , os bairros vizinhos ao estádio Arena de São Paulo, o Itaquerão , palco da partida inaugural da competição, entre Brasil e Croácia, sentem os efeitos do aumento do comércio mas sofrem com os maiores índices de roubo a moradores e frequentadores da região.
O bairro A.E Carvalho, a um quilômetro do estádio, sofre com o segundo maior aumento percentual de assaltos na Zona Leste: 34,41% em um ano, excluindo os casos de roubos de carga, bancos e carros, segundo números oficiais.
O aumento só perde para o bairro vizinho, Ermelino Matarazzo (34,96%), que concentra as ocorrências da região aos finais de semana e madrugadas, seguido de Vila Matilde (27,97%).
Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) e se referem ao período de janeiro a novembro de 2013 em comparação com todo o ano de 2012.
Sete assaltos cometidos nos dois últimos meses de 2013 foram relatados à Agência Efe por moradores de A.E Carvalho, todos em ações semelhantes, com duplas de ladrões armados e depois 20h.
Em novembro e dezembro, as autoridades registraram 281 casos de roubo, 44,1% a mais do que nos dois últimos meses de 2012.
A SSP afirmou à Efe, por meio de uma nota, que os delegados titulares da 64ª DP (A.E Carvalho) e da 24ª DP (Ermelino Matarazzo) "estão realizando reuniões periódicas entre as polícias da região para alinhar o combate desses crimes, além de intensificar as investigações dos casos".
Na primeira semana de novembro, Joyce (nome fictício) relatou que estava chegando no portão de casa quando voltava do trabalho, por volta das 20h30, e percebeu que um carro se aproximava no sentido contrário.
De dentro do automóvel saíram um homem branco e alto e uma mulher bonita e loira, que a abordaram e levaram seus pertences.
"Joyce", quem vive há 26 anos no bairro, confirma as estatísticas ao contar que os roubos aumentaram nos últimos meses.
"Ultimamente eu ando bem assustada. Tenho medo de carro, tenho medo de moto e qualquer pessoa é suspeita", disse "Joyce", que não anda mais desacompanhada pela região.
O mesmo tipo de ação, desta vez de moto, foi aplicada contra "José", assistente jurídico e morador da região há 20 anos.
Um dia, quando saiu de casa, às 20h20, foi abordado por dois assaltantes armados, que roubaram seu celular e vinte reais que trazia no bolso.
"Eu nunca ouvi falar de assalto aqui, era raro. Depois fiquei sabendo que mais três pessoas foram assaltadas na minha rua", contou o morador, para quem o bairro ficaria mais seguro com a instalação de um posto policial na rua de trás da sua casa.
Funcionária de uma pastelaria há quatro anos na região, "Teresa" conta que o local já foi assaltado quatro vezes nos últimos dois anos, duas delas na mesma semana, forçando o estabelecimento a fechar mais cedo.
"A gente já chegou a ficar aberto até duas da manhã, horário que tinha mais movimento. Hoje, após às 20h não tem ninguém na rua", explicou a funcionária, que estima uma queda de 50% no faturamento.
Segundo as funcionárias do estabelecimento, a presença de turistas nos arredores durante a Copa do Mundo "chamará mais a atenção dos bandidos".
Segundo o pesquisador e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, a chegada do estádio pode ter alterado a ocupação urbana, fazendo com que a criminalidade precise modificar a sua dinâmica.
"Os estudos mostram é que existe uma relação muito forte entre a ocupação urbana e a ocorrência de crimes. A partir do momento em que é levada uma série de aparelhos públicos até o estádio (e não para além dele), você cria um padrão ao qual a criminalidade precisa se adequar", afirmou.
De acordo com Lima, regiões mais fragilizadas e com menor aparelhamento urbano costumam estar ligadas a um maior índice de crimes contra a vida, enquanto regiões mais comerciais costumam ter maiores índices de assaltos e furtos.
Questionada sobre os números, a SSP ressaltou que no mesmo período comparado o número de vítimas de homicídios dolosos caiu 61% e 55% nos distritos de Ermelino Matarazzo e A.E Carvalho, respectivamente.
Já para o pesquisador do Núcleo de Estudos Sobre a Violência da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Neri, "haveria como fazer estudos sobre a localidade, acompanhar a evolução socio-demográfica, verificar a infraestrutura do lugar e a evolução dela, verificar que tipo de intervenções estão sendo feitas ou não e qual seria o impacto delas sobre a violência".
Para Neri, várias possibilidades podem ter levado a um aumento de roubos na região, mas apesar disso "infelizmente não são feitos estudos que permitam especificar naquele lugar e naquele momento" o que levou ao aumento da violência na região.
A Polícia Militar afirmou à EFE que sua "atuação é baseada na análise dos índices criminais" que consiste na "avaliação da incidência criminal de cada região a fim de alocar o esforço policial necessário em conformidade com as demandas regionais".
Ainda segundo a PM, "a instalação do estádio, nesse contexto, pouco interfere na dinâmica cotidiana do policiamento atual da região".
São Paulo - Na reta final para a Copa do Mundo , os bairros vizinhos ao estádio Arena de São Paulo, o Itaquerão , palco da partida inaugural da competição, entre Brasil e Croácia, sentem os efeitos do aumento do comércio mas sofrem com os maiores índices de roubo a moradores e frequentadores da região.
O bairro A.E Carvalho, a um quilômetro do estádio, sofre com o segundo maior aumento percentual de assaltos na Zona Leste: 34,41% em um ano, excluindo os casos de roubos de carga, bancos e carros, segundo números oficiais.
O aumento só perde para o bairro vizinho, Ermelino Matarazzo (34,96%), que concentra as ocorrências da região aos finais de semana e madrugadas, seguido de Vila Matilde (27,97%).
Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) e se referem ao período de janeiro a novembro de 2013 em comparação com todo o ano de 2012.
Sete assaltos cometidos nos dois últimos meses de 2013 foram relatados à Agência Efe por moradores de A.E Carvalho, todos em ações semelhantes, com duplas de ladrões armados e depois 20h.
Em novembro e dezembro, as autoridades registraram 281 casos de roubo, 44,1% a mais do que nos dois últimos meses de 2012.
A SSP afirmou à Efe, por meio de uma nota, que os delegados titulares da 64ª DP (A.E Carvalho) e da 24ª DP (Ermelino Matarazzo) "estão realizando reuniões periódicas entre as polícias da região para alinhar o combate desses crimes, além de intensificar as investigações dos casos".
Na primeira semana de novembro, Joyce (nome fictício) relatou que estava chegando no portão de casa quando voltava do trabalho, por volta das 20h30, e percebeu que um carro se aproximava no sentido contrário.
De dentro do automóvel saíram um homem branco e alto e uma mulher bonita e loira, que a abordaram e levaram seus pertences.
"Joyce", quem vive há 26 anos no bairro, confirma as estatísticas ao contar que os roubos aumentaram nos últimos meses.
"Ultimamente eu ando bem assustada. Tenho medo de carro, tenho medo de moto e qualquer pessoa é suspeita", disse "Joyce", que não anda mais desacompanhada pela região.
O mesmo tipo de ação, desta vez de moto, foi aplicada contra "José", assistente jurídico e morador da região há 20 anos.
Um dia, quando saiu de casa, às 20h20, foi abordado por dois assaltantes armados, que roubaram seu celular e vinte reais que trazia no bolso.
"Eu nunca ouvi falar de assalto aqui, era raro. Depois fiquei sabendo que mais três pessoas foram assaltadas na minha rua", contou o morador, para quem o bairro ficaria mais seguro com a instalação de um posto policial na rua de trás da sua casa.
Funcionária de uma pastelaria há quatro anos na região, "Teresa" conta que o local já foi assaltado quatro vezes nos últimos dois anos, duas delas na mesma semana, forçando o estabelecimento a fechar mais cedo.
"A gente já chegou a ficar aberto até duas da manhã, horário que tinha mais movimento. Hoje, após às 20h não tem ninguém na rua", explicou a funcionária, que estima uma queda de 50% no faturamento.
Segundo as funcionárias do estabelecimento, a presença de turistas nos arredores durante a Copa do Mundo "chamará mais a atenção dos bandidos".
Segundo o pesquisador e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, a chegada do estádio pode ter alterado a ocupação urbana, fazendo com que a criminalidade precise modificar a sua dinâmica.
"Os estudos mostram é que existe uma relação muito forte entre a ocupação urbana e a ocorrência de crimes. A partir do momento em que é levada uma série de aparelhos públicos até o estádio (e não para além dele), você cria um padrão ao qual a criminalidade precisa se adequar", afirmou.
De acordo com Lima, regiões mais fragilizadas e com menor aparelhamento urbano costumam estar ligadas a um maior índice de crimes contra a vida, enquanto regiões mais comerciais costumam ter maiores índices de assaltos e furtos.
Questionada sobre os números, a SSP ressaltou que no mesmo período comparado o número de vítimas de homicídios dolosos caiu 61% e 55% nos distritos de Ermelino Matarazzo e A.E Carvalho, respectivamente.
Já para o pesquisador do Núcleo de Estudos Sobre a Violência da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Neri, "haveria como fazer estudos sobre a localidade, acompanhar a evolução socio-demográfica, verificar a infraestrutura do lugar e a evolução dela, verificar que tipo de intervenções estão sendo feitas ou não e qual seria o impacto delas sobre a violência".
Para Neri, várias possibilidades podem ter levado a um aumento de roubos na região, mas apesar disso "infelizmente não são feitos estudos que permitam especificar naquele lugar e naquele momento" o que levou ao aumento da violência na região.
A Polícia Militar afirmou à EFE que sua "atuação é baseada na análise dos índices criminais" que consiste na "avaliação da incidência criminal de cada região a fim de alocar o esforço policial necessário em conformidade com as demandas regionais".
Ainda segundo a PM, "a instalação do estádio, nesse contexto, pouco interfere na dinâmica cotidiana do policiamento atual da região".