Após Garotinho, a vez de Cabral
Dias de ressaca no Rio de Janeiro. Em meio a uma crise financeira sem precedentes e a inflamados protestos de servidores públicos com o salário atrasado, dois ex-governadores foram presos em 48 horas. Nesta quinta-feira foi a vez de Sérgio Cabral, que comandou o estado de 2007 a 2014, ir para a prisão, acusado pela […]
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2016 às 17h38.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h24.
Dias de ressaca no Rio de Janeiro. Em meio a uma crise financeira sem precedentes e a inflamados protestos de servidores públicos com o salário atrasado, dois ex-governadores foram presos em 48 horas. Nesta quinta-feira foi a vez de Sérgio Cabral, que comandou o estado de 2007 a 2014, ir para a prisão, acusado pela Operação Lava-Jato de ter recebido 38,4 milhões de reais em propinas das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia por obras realizadas no estado. O juiz Sergio Moro não descarta que Cabral tenha recebido também de outras construtoras investigadas pela operação.
Boa parte das propinas chegou até Cabral em dinheiro vivo, o que dificultou as investigações da Polícia Federal. Também foram presos três aliados próximos do ex-governador: Wilson Carlos, Wagner Garcia e Hudson Braga. A mulher de Cabral, Adriana Ancelmo, foi alvo de mandato de condução coercitiva. O escritório de advocacia do qual ela era sócia foi contratado por diversas empresas ligadas ao governo estadual durante a gestão do marido. Cabral está preso no complexo penitenciário de Gericinó — também conhecido como Bangu. Garotinho segue hospitalizado por recomendação médica.
Enquanto isso, o pacote de ajuste fiscal do estado que corta o repasse de verbas para programas sociais, como o restaurante popular, e aumenta o valor do repasse dos servidores estaduais à Previdência está sendo discutido na Assembleia Legislativa. O próprio Moro, em despacho, disse que seria uma afronta deixar Cabral solto diante da situação.
O Ministério Público, em entrevista coletiva durante esta manhã, declarou que a crise pela qual o estado passa foi originada pela corrupção. Cabral e a família Garotinho foram responsáveis pela administração do estado em 16 dos últimos 20 anos. Apenas o grupo de Cabral é acusado de desviar 224 milhões em contratos de obras. É o suficiente para 112 milhões de refeições no restaurante popular – ou dez anos de operação a todo vapor.