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Apoiadores de Lula resistem com cerveja, churrasco e protesto

Muitos dos que se aglomeram ao redor do prédio estão devastados. As pessoas são, em sua maioria, as que estiveram com ele durante sua carreira política

Apoiadores de Lula tocam na sede do PT em São Bernardo nesta sexta-feira (06) (Rodrigo Capote/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

Publicado em 6 de abril de 2018 às 14h43.

Última atualização em 6 de abril de 2018 às 15h02.

O Brasil está paralisado.

Desde a chegada da notícia de que o juiz Sergio Moro ordenou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se entregue até às 5 da tarde desta sexta-feira à polícia, o político icônico tornou-se o único tema de conversas no país.

A cobertura da TV tem sido ininterrupta, incluindo uma perseguição de helicóptero ao suposto percurso de carro do ex-presidente na quinta-feira.

A notícia foi recebida por alguns com fogos de artifício e buzinas, enquanto outros correram para um local simbólico do Partido dos Trabalhadores para mostrar seu apoio. Memes estão preenchendo grupos do WhatsApp.

Desde a última quinta-feira, Lula não sai do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo, onde começou sua carreira política e se reuniu com centenas de apoiadores, incluindo velhos amigos, intelectuais, artistas e advogados.

O Partido dos Trabalhadores disse na sexta-feira que Lula está sereno e confiante em sua inocência. Lula, de 74 anos, lidera as pesquisas de opinião para as eleições de outubro e disse estar interessado em um terceiro mandato presidencial depois de cumprir dois turnos de 2003 a 2011.

Muitos dos que se aglomeram ao redor do prédio estão devastados. As pessoas são, em sua maioria, as que estiveram com ele durante sua carreira política - não a classe média alta e a elite econômica que o ajudaram a se eleger há mais de 15 anos.

Alguns que estiveram lá desde a notícia no mandado de prisão trouxeram barracas. Os vendedores de cerveja e sorvete proliferam em meio a um sol escaldante no meio do dia.

Uma música de Chico Buarque, um dos artistas mais conhecidos e politicamente ativos do Brasil (e partidário histórico de Lula), com letra traduzida como "amanhã é outro dia", escrita durante a ditadura militar, pode ser ouvida ao lado de gritos contra o atual governo.

Helicópteros de emissoras de TV locais, que circulavam o prédio desde a noite anterior, mostraram caixas de cerveja e carvão sendo descarregadas de caminhões. Os apoiadores continuam chegando e mais militantes devem se juntar à multidão nesta tarde.

Ainda não está claro se Lula pretende cumprir a decisão do juiz e se entregar à polícia nesta tarde, ou o que aconteceria caso ele não o faça.

"Estamos aqui para lutar contra a grande injustiça de condenar sem qualquer prova o melhor presidente que já tivemos", disse Joraci de Barros, assistente social aposentada de 74 anos, em frente ao prédio do sindicato.

“Foi uma tentativa desesperada de impedir que Lula vencesse outra eleição e tirasse o país dos corruptos que só governam para as elites.”

Lula, acenando para os partidários de uma janela na quinta-feira, está isolado no segundo andar do prédio cercado por aliados como sua sucessora destituída por impeachment Dilma Rousseff - com uma fila sempre crescente à porta para saudar a lenda política.

Uma cela foi preparada para ele na cidade de Curitiba e a Polícia Federal estava, por enquanto, mantendo distância.

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