Exame Logo

Aliados se dividem sobre estratégia para reeleger Dilma

Alguns acham que Dilma deve se concentrar apenas no governo, outros querem uma Dilma mais ativa no debate com os adversários

Dilma Rousseff: fonte do governo afirmou que as respostas dadas por Dilma a Marina não serão um padrão a ser adotado pela presidente em relação aos adversários (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2013 às 14h10.

Brasília - Ainda aflitos com o novo cenário eleitoral, aliados da presidente Dilma Rousseff no Congresso dividem-se sobre qual a melhor estratégia para reagir à aliança Campos-Marina e garantir a reeleição, mas cobram que ela intensifique as viagens pelo país e mostre as realizações do governo .

A aliança de última hora entre a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, dois ex-aliados e ministros no governo Luiz Inácio Lula da Silva, agitou o cenário eleitoral para a eleição presidencial de 2104. Um contexto no qual, na avaliação dos aliados de Dilma, a candidatura do senador tucano Aécio Neves (MG) perderá força.

Alguns acham que Dilma deve se concentrar apenas no governo e não se envolver no bate-boca eleitoral. Outros, porém, querem uma Dilma mais ativa no debate com os adversários e viram o início de uma tática para criar uma divisão nessa aliança quando a petista respondeu a Marina via Twitter nesta semana.

Para esse segundo grupo, na recente troca de farpas entre Marina, por meio de entrevistas, e Dilma, pelo Twitter, a presidente adotou uma tática que serve para deixar a ex-senadora em evidência, criando pressão sobre o cabeça da chapa presidencial no PSB. Isso, na avaliação de alguns parlamentares, pode criar uma divisão entre os novos aliados.

"Pode ser uma boa tática, porque ao escolher a Marina para polemizar pode criar uma sombra para o Eduardo Campos", disse um à Reuters um peemedebista com assento na Esplanada dos Ministérios.

Esse aliado lembra, porém, que a campanha eleitoral está muito precipitada e pode ser que a tática se mostre um desastre.

Mas dentro do próprio PMDB, porém, há divisões. Para um senador isso a estratégia "está completamente errada", porque a presidente não precisa "descer a esse nível" para debater com adversários.


Uma fonte do governo, que falou sob condição de anonimato, afirmou que as respostas dadas por Dilma a Marina não serão um padrão a ser adotado pela presidente em relação aos adversários.

"O objetivo é divulgar o governo", afirmou a fonte, que considerou inclusive um erro a troca de farpas.

Dilma e Marina se envolveram em um debate público sobre a política econômica atual e os desafios de governar. A presidente disse que os postulantes ao Planalto teriam de estudar muito o Brasil, ao que Marina respondeu lamentar pelos que acreditam que não têm mais nada a aprender e só conseguem ensinar.

Na tréplica, Dilma alegou não acreditar "nos soberbos que julgam que nascem sabendo ou que já aprenderam tudo". "Serei sempre uma aluna do mundo", afirmou no Twitter.

Hora de entregar

Para o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), não é hora de escolher adversários e sim de trabalhar e governar.

"A estratégia é trabalhar muito e melhorar a economia. Agora tem muita ansiedade muito antes das eleições", avaliou.

O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), concorda com o colega do Senado, mas alerta que o seu partido e a presidente precisam acelerar a construção dos palanques nos Estados, uma reivindicação do PMDB também.


"Do ponto de vista eleitoral, nós precisamos consolidar os palanques regionais", analisou Guimarães. "Temos que avançar em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, no Nordeste. As eleições vão ser decididas por aí", aconselhou.

No governo, a capacidade de construir alianças estaduais da candidatura de Dilma representa uma grande vantagem competitiva para a reeleição. A aposta é que os adversários terão muita dificuldade para ter palanques fortes nos Estados.

Dilma tem intensificado as viagens pelo país e determinou que a agenda dos ministros fosse coordenada para que pudesse capitalizar ações do governo nos Estados viajando pelo menos duas vezes por semana.

Esse roteiro costuma levar em conta o território dos prováveis adversários nas eleições do ano que vem. Nos últimos três meses, Dilma já participou de eventos três vezes em Minas Gerais e foi três vezes por mês a algum estado do Nordeste.

A presidente também passou a dar entrevistas para rádios locais nessas viagens e voltou a usar as redes sociais, território que havia abandonado depois de assumir o cargo.

Aliança mais cara

Um outro senador aliado revelou, sob condição de anonimato, que a aliança entre Campos e Marina causou dois efeitos na coalizão do governo.

O primeiro, um grande temor em relação ao segundo turno. "Se for contra o novo, a Dilma perde o segundo turno", disse.

O segundo efeito será a dificuldade que a petista terá para manter a maioria dos partidos em sua aliança para a reeleição.

"Todos vão cobrar muito mais caro para ficar na aliança. A reforma ministerial será muito tensa", disse o líder aliado.

Veja também

Brasília - Ainda aflitos com o novo cenário eleitoral, aliados da presidente Dilma Rousseff no Congresso dividem-se sobre qual a melhor estratégia para reagir à aliança Campos-Marina e garantir a reeleição, mas cobram que ela intensifique as viagens pelo país e mostre as realizações do governo .

A aliança de última hora entre a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, dois ex-aliados e ministros no governo Luiz Inácio Lula da Silva, agitou o cenário eleitoral para a eleição presidencial de 2104. Um contexto no qual, na avaliação dos aliados de Dilma, a candidatura do senador tucano Aécio Neves (MG) perderá força.

Alguns acham que Dilma deve se concentrar apenas no governo e não se envolver no bate-boca eleitoral. Outros, porém, querem uma Dilma mais ativa no debate com os adversários e viram o início de uma tática para criar uma divisão nessa aliança quando a petista respondeu a Marina via Twitter nesta semana.

Para esse segundo grupo, na recente troca de farpas entre Marina, por meio de entrevistas, e Dilma, pelo Twitter, a presidente adotou uma tática que serve para deixar a ex-senadora em evidência, criando pressão sobre o cabeça da chapa presidencial no PSB. Isso, na avaliação de alguns parlamentares, pode criar uma divisão entre os novos aliados.

"Pode ser uma boa tática, porque ao escolher a Marina para polemizar pode criar uma sombra para o Eduardo Campos", disse um à Reuters um peemedebista com assento na Esplanada dos Ministérios.

Esse aliado lembra, porém, que a campanha eleitoral está muito precipitada e pode ser que a tática se mostre um desastre.

Mas dentro do próprio PMDB, porém, há divisões. Para um senador isso a estratégia "está completamente errada", porque a presidente não precisa "descer a esse nível" para debater com adversários.


Uma fonte do governo, que falou sob condição de anonimato, afirmou que as respostas dadas por Dilma a Marina não serão um padrão a ser adotado pela presidente em relação aos adversários.

"O objetivo é divulgar o governo", afirmou a fonte, que considerou inclusive um erro a troca de farpas.

Dilma e Marina se envolveram em um debate público sobre a política econômica atual e os desafios de governar. A presidente disse que os postulantes ao Planalto teriam de estudar muito o Brasil, ao que Marina respondeu lamentar pelos que acreditam que não têm mais nada a aprender e só conseguem ensinar.

Na tréplica, Dilma alegou não acreditar "nos soberbos que julgam que nascem sabendo ou que já aprenderam tudo". "Serei sempre uma aluna do mundo", afirmou no Twitter.

Hora de entregar

Para o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), não é hora de escolher adversários e sim de trabalhar e governar.

"A estratégia é trabalhar muito e melhorar a economia. Agora tem muita ansiedade muito antes das eleições", avaliou.

O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), concorda com o colega do Senado, mas alerta que o seu partido e a presidente precisam acelerar a construção dos palanques nos Estados, uma reivindicação do PMDB também.


"Do ponto de vista eleitoral, nós precisamos consolidar os palanques regionais", analisou Guimarães. "Temos que avançar em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, no Nordeste. As eleições vão ser decididas por aí", aconselhou.

No governo, a capacidade de construir alianças estaduais da candidatura de Dilma representa uma grande vantagem competitiva para a reeleição. A aposta é que os adversários terão muita dificuldade para ter palanques fortes nos Estados.

Dilma tem intensificado as viagens pelo país e determinou que a agenda dos ministros fosse coordenada para que pudesse capitalizar ações do governo nos Estados viajando pelo menos duas vezes por semana.

Esse roteiro costuma levar em conta o território dos prováveis adversários nas eleições do ano que vem. Nos últimos três meses, Dilma já participou de eventos três vezes em Minas Gerais e foi três vezes por mês a algum estado do Nordeste.

A presidente também passou a dar entrevistas para rádios locais nessas viagens e voltou a usar as redes sociais, território que havia abandonado depois de assumir o cargo.

Aliança mais cara

Um outro senador aliado revelou, sob condição de anonimato, que a aliança entre Campos e Marina causou dois efeitos na coalizão do governo.

O primeiro, um grande temor em relação ao segundo turno. "Se for contra o novo, a Dilma perde o segundo turno", disse.

O segundo efeito será a dificuldade que a petista terá para manter a maioria dos partidos em sua aliança para a reeleição.

"Todos vão cobrar muito mais caro para ficar na aliança. A reforma ministerial será muito tensa", disse o líder aliado.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEleiçõesEleições 2014Governo DilmaPersonalidadesPolíticaPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame