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Aécio centra fogo no Nordeste para reduzir vantagem de Dilma

Candidato do PSDB concentrará esforços na Região Nordeste neste mês para tornar-se conhecido entre um eleitorado majoritariamente petista

Aécio Neves (PSDB) joga uma partida de sinuca após caminhada em Botucatu, no interior de São Paulo (Marcos Fernandes/Coligação Muda Brasil/Divulgação via Fotos Públicas)
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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2014 às 19h04.

São Paulo - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves , concentrará esforços na Região Nordeste neste mês para tornar-se conhecido entre um eleitorado majoritariamente petista nas três últimas eleições presidenciais e preparar terreno para reduzir a vantagem da presidente Dilma Rousseff na região.

Segundo uma fonte próxima à campanha tucana, a ideia é que Aécio percorra os nove Estados nordestinos até o dia 25 de agosto, e o que já está sendo chamado de périplo nordestino começa na semana que vem, com viagens a Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba na terça e na quarta-feira.

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O tucano deve aproveitar sua estadia no Nordeste para se tornar conhecido, se reunir com lideranças locais e lançar mão de um trunfo para arregimentar eleitores na região, um plano batizado de Nordeste Forte, que deve ser lançado no dia 23 em Salvador.

"O colégio eleitoral paulista é um colégio importante, mas uma diferença extraordinária em São Paulo pode ser anulada por um único Estado do Nordeste pequeno se não for dada a devida atenção", disse à Reuters o coordenador da campanha de Aécio no Nordeste, o vice-governador de Alagoas e ex-deputado federal José Thomaz Nonô, filiado ao DEM.

O tucano deverá ter um trabalho monumental pela frente na busca de, como disse Nonô, "perder de pouco" para Dilma no primeiro turno no Nordeste. Num eventual segundo turno, o coordenador acredita ser possível vencer a petista.

Atualmente Aécio está na terceira posição nas intenções de voto na região, embora sua desvantagem para o candidato do PSB, Eduardo Campos, que é ex-governador de Pernambuco, esteja dentro da margem de erro.

Nacionalmente, ele é o segundo colocado, atrás de Dilma.

A candidata à reeleição pelo PT lidera com folga nos Estados nordestinos. Tem 51 por cento da preferência do eleitorado, segundo levantamento mais recente do Ibope, e 49 por cento, de acordo com o Datafolha.

Campos soma 12 por cento nas duas pesquisas, e Aécio tem 11 por cento no Ibope e 10 por cento no Datafolha.

Além disso, segundo o Ibope, 58 por cento do eleitorado nordestino aprova a maneira de Dilma governar, enquanto nacionalmente esse percentual é de 47 por cento.

Além do desconhecimento entre o eleitorado nordestino, Aécio tem uma barreira importante para superar na tentativa de transformar em uma distância curta o atual abismo que o separa da presidente: o grande peso que programas sociais do governo federal, especialmente o Bolsa Família, tem na região.

"(Bolsa Família) pesa, exatamente porque a região é muito pobre. E o PT montou aqui uma rede política monumental lastreada exatamente na bolsa. Então a bolsa hoje faz parte do ativo das camadas menos favorecidas, mais pobres", disse Nonô.

Ele, no entanto, aposta que a inflação, que tem sido apontado como ponto fraco de Dilma pelos partidários de Aécio, reduza esse peso.

"A inflação de 20 reais, 30 reais na bolsa é de lascar, porque é menos 10 quilos de farinha e isso a pessoa sente na hora, não é uma discussão acadêmica, nem de teórico", disse o coordenador.

O cientista político Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no entanto, faz um diagnóstico contrário e bastante pessimista para o candidato tucano.

"Isso é pesquisa qualitativa, as pessoas consideram que existe inflação, que a vida está mais cara, entretanto, o que nós observamos claramente é que a satisfação pelo emprego e por ter renda é maior do que essa perspectiva de inflação", disse.

"Aécio vem ao Nordeste, mas ele não terá condições de obter uma boa votação no Nordeste", afirmou Oliveira, apontando que os programas sociais do governo federal petista desenvolveram uma "microeconomia no Brasil profundo, que é o interior do Nordeste".

"Essa microeconomia não deixa espaço para a oposição", disse Oliveira.

Nordeste Forte

O tucano deve detalhar somente em solo nordestino seus planos para a região caso seja eleito em outubro, mas já tem dado algumas pistas das propostas que deve usar para seduzir o eleitorado nordestino.

Aécio tem defendido que "você só diminui as desigualdades tratando os desiguais de forma desigual" e já prometeu que a região terá um regime de impostos diferenciado em um eventual governo tucano.

"Estamos construindo um plano para o Nordeste de investimentos, com um grande choque de infraestrutura, atração de novos investimentos, inclusive, com regras tributárias específicas", disse Aécio em evento de campanha em Belo Horizonte, no final de julho.

Na avaliação de Nonô, Aécio precisa também aproveitar suas viagens pela região para apresentar propostas específicas para cada um dos Estados.

"O pessoal do Sul tende a considerar o Nordeste como um todo homogêneo. Não é. Nem o regime de chuvas é o mesmo. Eu sou de Alagoas, em Alagoas está chovendo e no Ceará está a maior seca, e é absolutamente natural que seja assim nessa época do ano", exemplificou.

"Eu acho que é importante que o Aécio tenha em cada Estado um discurso adequado ao Estado, porque as demandas não são as mesmas, embora a região seja a mesma."

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