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6 momentos em que Cunha agiu como oposição ao governo

Mesmo antes do anúncio do rompimento com o governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já dava sinais de que seu lugar era na oposição

Dilma Rousseff condecora Eduardo Cunha durante cerimônia comemorativa do Dia do Exército (Roberto Stuckert Filho/PR)

Rita Azevedo

Publicado em 17 de julho de 2015 às 15h51.

São Paulo - O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou na manhã desta sexta-feira (17) que, a partir de agora, fará parte da oposição ao governo de Dilma Rousseff . O rompimento veio logo após o parlamentar ser acusado pelo lobista Julio Camargo de receber 5 milhões de dólares na Operação Lava Jato .

Cunha desmentiu o depoimento e disse que essa foi uma tentativa do Planalto de envolvê-lo na Lava Jato. Desde que foi eleito presidente da Câmara, em fevereiro deste ano, Cunha se transformou numa pedra do sapato de Dilma, deixando claro que durante o seu mandato “a Câmara seria independente”.

A independência foi tamanha que, mesmo quando fazia parte da base aliada do governo, Cunha se tornou um dos representantes dos parlamentares insatisfeitos com Dilma. Veja outros seis momentos em que Cunha agiu como oposição mesmo antes de ter anunciado tal intenção oficialmente:

1 – Ao discursar antes da posse

A candidatura de Cunha à presidência da Casa foi marcada por um embate com o governo federal, que queria no cargo o petista Arlindo Chinaglia. Em discurso antes da votação, Cunha ditou o tom que marcaria a relação com o Palácio do Planalto nos próximos meses.

“É bom para o parlamento e para a sociedade que esse poder seja distribuído”, disse Cunha. "Ter a independência da Casa, muito mais do que palavra, é questão de atitude. Ninguém vai ver eu me curvar a qualquer coisa que não seja a vontade da maioria dessa Casa".

2 – Ao brigar com Cid Gomes em pleno plenário

Em março, o ex-ministro da educação Cid Gomes foi convocado pela Câmara para dar explicações sobre uma declaração dada durante uma reunião em uma universidade. Na ocasião, Gomes afirmou que a Casa tinha de 300 a 400 parlamentares que “achacam”.

No plenário, Gomes subiu o tom e fez um apelo aos deputados "oportunistas" - que detêm cargos na administração federal, mas não dão apoio ao governo no Congresso - para que "larguem o osso, saiam do governo".

Logo após o depoimento, Cunha e o PMDB ameaçaram deixar o governo caso Gomes não fosse demitido. A demissão – que partiu de Cid Gomes – foi anunciada por Cunha antes mesmo de ter sido oficializada.

3- Ao aprovar o Projeto de Lei das Terceirizações

A aprovação da PL 4330, conhecido como Projeto de Lei das Terceirizações, foi outro episódio em que Cunha desafiou Dilma. Na ocasião, centrais sindicais e movimentos sociais organizaram protestos contra a aprovação do texto, que prevê a possibilidade de contratação de terceirizados para atividades fim.

A proposta foi criticada por Dilma, que defendeu em discurso a manutenção dos direitos dos trabalhadores. Logo depois, Cunha disse que a presidente deveria agir com “cautela” caso decidisse vetar o projeto. De acordo com o parlamentar, Dilma não deveria assumir a posição do PT, mas da base que a "sustenta politicamente".

4 – Ao aprovar a PEC da Bengala

Outro tema de embate entre e Cunha e o governo foi a aprovação da proposta que eleva de 70 para 75 anos a aposentadoria compulsória de ministros de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU).

A chamada PEC da Bengala fez com que Dilma perdesse poder de indicações de novos ministros até o final de seu mandato.

5 – Ao defender a PEC da Maioridade Penal

A redução da maioridade penal foi um dos temas que dividiram o governo e o líder da Câmara. Pelo menos na Casa, quem venceu o embate foi Cunha que usou a manobra apelidada como “pedalada regimental” para aprovar, em primeira votação, a proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.

Dilma, que assumiu publicamente posição contrária à proposta de redução, se mobilizou logo após a aprovação para que o tema seja debatido antes de ser votado no Senado – o que deve acontecer nos próximos meses.

6 – Ao prometer retaliação

Cunha resolveu se defender com ataques ao governo depois de saber que seu nome aparecia na lista de políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, feita pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No começo desta semana, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, Cunha prometeu retaliações e avisou a Michel Temer (PMDB), vice-presidente da República, sobre a abertura de CPIs que poderiam prejudicar ainda mais a imagem de Dilma, como a dos fundos de pensão e a do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES).

Outra promessa de Cunha é a pressão para que os ministros Aloísio Mercadante e Edinho Silva sejam convocados para depor na CPI da Petrobras.

* Texto atualizado às 15:50 para inclusão do item 3

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São Paulo - O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou na manhã desta sexta-feira (17) que, a partir de agora, fará parte da oposição ao governo de Dilma Rousseff . O rompimento veio logo após o parlamentar ser acusado pelo lobista Julio Camargo de receber 5 milhões de dólares na Operação Lava Jato .

Cunha desmentiu o depoimento e disse que essa foi uma tentativa do Planalto de envolvê-lo na Lava Jato. Desde que foi eleito presidente da Câmara, em fevereiro deste ano, Cunha se transformou numa pedra do sapato de Dilma, deixando claro que durante o seu mandato “a Câmara seria independente”.

A independência foi tamanha que, mesmo quando fazia parte da base aliada do governo, Cunha se tornou um dos representantes dos parlamentares insatisfeitos com Dilma. Veja outros seis momentos em que Cunha agiu como oposição mesmo antes de ter anunciado tal intenção oficialmente:

1 – Ao discursar antes da posse

A candidatura de Cunha à presidência da Casa foi marcada por um embate com o governo federal, que queria no cargo o petista Arlindo Chinaglia. Em discurso antes da votação, Cunha ditou o tom que marcaria a relação com o Palácio do Planalto nos próximos meses.

“É bom para o parlamento e para a sociedade que esse poder seja distribuído”, disse Cunha. "Ter a independência da Casa, muito mais do que palavra, é questão de atitude. Ninguém vai ver eu me curvar a qualquer coisa que não seja a vontade da maioria dessa Casa".

2 – Ao brigar com Cid Gomes em pleno plenário

Em março, o ex-ministro da educação Cid Gomes foi convocado pela Câmara para dar explicações sobre uma declaração dada durante uma reunião em uma universidade. Na ocasião, Gomes afirmou que a Casa tinha de 300 a 400 parlamentares que “achacam”.

No plenário, Gomes subiu o tom e fez um apelo aos deputados "oportunistas" - que detêm cargos na administração federal, mas não dão apoio ao governo no Congresso - para que "larguem o osso, saiam do governo".

Logo após o depoimento, Cunha e o PMDB ameaçaram deixar o governo caso Gomes não fosse demitido. A demissão – que partiu de Cid Gomes – foi anunciada por Cunha antes mesmo de ter sido oficializada.

3- Ao aprovar o Projeto de Lei das Terceirizações

A aprovação da PL 4330, conhecido como Projeto de Lei das Terceirizações, foi outro episódio em que Cunha desafiou Dilma. Na ocasião, centrais sindicais e movimentos sociais organizaram protestos contra a aprovação do texto, que prevê a possibilidade de contratação de terceirizados para atividades fim.

A proposta foi criticada por Dilma, que defendeu em discurso a manutenção dos direitos dos trabalhadores. Logo depois, Cunha disse que a presidente deveria agir com “cautela” caso decidisse vetar o projeto. De acordo com o parlamentar, Dilma não deveria assumir a posição do PT, mas da base que a "sustenta politicamente".

4 – Ao aprovar a PEC da Bengala

Outro tema de embate entre e Cunha e o governo foi a aprovação da proposta que eleva de 70 para 75 anos a aposentadoria compulsória de ministros de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU).

A chamada PEC da Bengala fez com que Dilma perdesse poder de indicações de novos ministros até o final de seu mandato.

5 – Ao defender a PEC da Maioridade Penal

A redução da maioridade penal foi um dos temas que dividiram o governo e o líder da Câmara. Pelo menos na Casa, quem venceu o embate foi Cunha que usou a manobra apelidada como “pedalada regimental” para aprovar, em primeira votação, a proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.

Dilma, que assumiu publicamente posição contrária à proposta de redução, se mobilizou logo após a aprovação para que o tema seja debatido antes de ser votado no Senado – o que deve acontecer nos próximos meses.

6 – Ao prometer retaliação

Cunha resolveu se defender com ataques ao governo depois de saber que seu nome aparecia na lista de políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, feita pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No começo desta semana, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, Cunha prometeu retaliações e avisou a Michel Temer (PMDB), vice-presidente da República, sobre a abertura de CPIs que poderiam prejudicar ainda mais a imagem de Dilma, como a dos fundos de pensão e a do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES).

Outra promessa de Cunha é a pressão para que os ministros Aloísio Mercadante e Edinho Silva sejam convocados para depor na CPI da Petrobras.

* Texto atualizado às 15:50 para inclusão do item 3

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