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Opinião: Precisamos falar de sustentabilidade na cotonicultura brasileira, uma necessidade global

setor passou por transformações profundas nos últimos anos em seu processo produtivo, sendo um dos segmentos agrícolas com maior uso de alta tecnologia

Fardos de algodão colhido esperam para ser transportados no Mato Grosso (Lucas Ninno/Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 13 de setembro de 2024 às 19h00.

Felipe Pagani*

O cultivo do algodão ocupa uma posição de destaque no agronegócio brasileiro. Ao longo dos anos, a cultura passou por uma trajetória de crescimento e ganhou importância em várias regiões do país. Já somos o 3º maior produtor e estamos na 1ª posição entre os maiores exportadores mundiais.

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O último levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), confirma os bons resultados do trabalho no campo. A área cultivada de algodão na safra 23/24 registrou crescimento, passando de 1,7 milhão de hectares para 1,9 milhão de hectares, justificado principalmente pelas boas perspectivas de mercado.

As condições climáticas, nas principais regiões produtoras, continuam favorecendo as lavouras, e a previsão é que sejam colhidas cerca de 3,6 milhões de toneladas da pluma, alta de 13,4%.

O setor passou por transformações profundas nos últimos anos em seu processo produtivo, sendo um dos segmentos agrícolas com maior uso de alta tecnologia. Porém, as transformações vão muito além das inovações tecnológicas. Assim, como outras culturas relevantes, a sustentabilidade tornou-se palavra de ordem para os produtores de algodão, diante da urgência climática que vem impactando as condições de vida no planeta.

A busca por uma produção de algodão ambientalmente mais responsável tem sido uma preocupação crescente, incentivando investimentos em pesquisas. Um dos desafios é mitigar a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE).

Quando analisarmos a pegada de carbono do algodão, as maiores emissões vêm da fase agrícola, embora seja também, a etapa com maior potencial de sequestrar carbono. Diante desse contexto, o uso eficiente de insumos neste ciclo de produção, que inclui a preparação do solo e o plantio, é primordial para alcançar o objetivo de reduzir a liberação de GEE.

Um dos insumos vitais para a produção agrícola, em especial o algodão, que precisa ser bem manejado, é o fertilizante nitrogenado, pois além de ser um macronutriente primário, necessário para a produção (para cada @ de pluma, são necessários 1kg de N), o seu uso pode gerar emissões de óxido nitroso (N2O), um gás de efeito estufa com potencial quase trezentas vezes superior ao dióxido de carbônico (CO2).

Um estudo inédito realizado pela Mosaic Fertilizantes, em parceria com o professor e Ph.D. Carlos Eduardo Cerri mostra que um produto desenvolvido pela empresa reduz em 20% a emissão de gases de efeito estufa na cotonicultura, quando comparado à média dos tradicionais fertilizantes à base de ureia, e 60% a menos do que o padrão global considerado pelo IPCC (Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas).

Os resultados demonstraram ainda que a solução proporcionou uma redução de 70% na taxa de volatilização de amônia, se comparada à ureia convencional, e 50% em relação ao produto concorrente, que inclui inibidores de urease em sua formulação.

Importante destacar que, além dos ganhos ambientais, o uso desse tipo de fertilizante foi responsável por manter altos níveis produtivos do algodão. Vale reforçar que a produtividade elevada desempenha um papel fundamental na redução da intensidade de emissão de gases estufa por unidade de produção.

Sabemos que cerca de 85% do algodão produzido no Brasil possui rastreabilidade e certificados socioambientais. O que revela que estamos no caminho certo. Porém, ainda podemos avançar - e muito. A produção sustentável, com a utilização de fertilizantes que contribuem com a redução dos Gases de Efeito Estufa (GEE) e geram maior produtividade e rentabilidade para o produtor rural representa mais um grande avanço na cotonicultura brasileira.

*Gerente de Novos Negócios na Mosaic, e Carlos Eduardo Cerri, professor titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).

Safra brasileira de algodão

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