Agricultura brasileira capta R$ 40 bilhões em investimentos
Durante Brasil Investiment Forum, especialistas afirmam que o esforço nacional para aumentar a produtividade da agropecuária sustentável é percebido pelo mercado externo
Repórter de Agro
Publicado em 8 de novembro de 2023 às 15h32.
Última atualização em 10 de novembro de 2023 às 21h32.
Terra, ciência, tecnologia e clima. Estes são os pilares da agricultura brasileira e os argumentos do setor do agronegócio para captar investimentos. Nesta quarta-feira, 8, durante o Brasil Investiment Fórum, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) anunciou que a agricultura brasileira fomentou a captação de cerca de R$ 40 bilhões em investimentos.
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Aportes para a indústria de energia limpa e bioinsumos, com foco na Política Nacional de Fertilizantes, foram anunciandos no evento, a exemplo dos R$ 20 bilhões da Raízen para a construção de 20 plantas de etanol de segunda geração até 2030. O subproduto do etanol é uma das possibilidades de descarbonização da economia global, atraindo também os olhares internacionais.
Entre as empresas que anunciaram investimentos, também estiveram presentes a Prumo Logística, a Acelen e a Atlas Agro. Os aportes anunciados foram, respectivamente, de R$ 20 bilhões em etanol de segunda geração; R$ 750 milhões em energia limpa; R$ 12 bilhões em novas plantas de biocombustíveis e R$ 4,5 bilhões para a descarbonização da indústria de fertilizantes.
Diante dos números—e do interesse estrangeiro—o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, reforçou a aptidão do país em incorporar mais 40 milhões de hectares para uso da agropecuária—só que de maneira diferente do passado.
"Incorporamos 40 milhões de hectares ao sistema produtivo nos últimos 50 anos anos, e vamos incorporar outros 40 milhões de hectares, só que com duas diferenças: não o faremos sobre a floresta e teremos o reconhecimento àqueles que têm boas práticas agrícolas", afirmou o ministro.
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Para isso, ele cita um programa de incremento de produtividade às pastagens degradadas, em que cerca de 130 milhões de hectares foram classificados como em ótimas condições para recuperação e uso, segundo Fávaro. "Menos de 2% dos produtores não incorporam técnicas com sustentabilidade e a eles cabe o comando e controle", disse.
Clima e flexibilidade no comércio
Não é apenas na soja que o Brasil é referência, segundo Emily Rees, presidente da CropLife Internacional—entidade que representa a indústria de insumos químicos e biológicos. Ela viaja por países de base agrícola e afirma que o Brasil é um exemplo no sistema regulatório para o uso dos pesticidas. Ainda assim, é preciso se manter moderno para atender à demanda internacional.
"Após 30 anos, [a lei de defensivos] merece uma modernização, para trazer mais sustentabilidade, produtividade e competividade no campo, levando o Brasil para frente", ela diz.
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Emily Rees defende que o fator climático seja incluído de forma progressiva nas discussões sobre segurança alimentar, pois isso influencia diretamente o comércio internacional. De acordo com ela, secas e enchentes interferem no volume produzido e na logística de distribuição dos produtos, afetando sobretudo os países em desenvolvimento.
"Quando você olha para a África, mais de 30% da população está sob insegurança alimentar, sendo 82% do alimento importado lá. Vimos também na Argentina uma baixa de produção de milho de quase 40%. No Paquistão, meses de lavouras debaixo da água. Comércio exige pensar em adaptação climática, por isso precisamos de mais flexibilidade no comércio, com a agricultura de inteligência climática", disse.