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Um Linux de peso

O sistema operacional do pingüim dá um vôo de escalabilidade para sustentar mainframes

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h40.

O Linux conquistou fãs nas empresas por ser flexível, estável e econômico. Agora tem um grande - literalmente grande - desafio: emplacar nos mainframes. Conectiva, TurboLinux, Red Hat e SuSE já soltaram distribuições feitas sob medida para rodar em mainframes. O forte dos novos pacotes é o salto na escalabilidade. Agora o Linux executa um grande número de aplicativos simultaneamente, com robustez, mesmo em servidores de grande porte e máquinas com múltiplos processadores. Bancos brasileiros como o Itaú, o Banco do Brasil e o Banrisul já estão experimentando o sistema em seus mainframes.

A grande incentivadora do casamento Linux + mainframes, como não poderia deixar de ser, é a IBM, uma das poucas fabricantes de computadores desse porte e ferozmente comprometida com as plataformas abertas. Além de jogar abertamente a favor do Linux, inclusive mantendo um fundo de 1 bilhão de dólares para investir nesse sistema, a Big Blue vê uma ótima oportunidade de rejuvenescer o software de seus mainframes Série Z. A última tacada da companhia foi o lançamento do mainframe z800, desenhado exclusivamente para rodar o Linux (e somente ele). A máquina conta com quatro processadores CMOS e, segundo a IBM, pode substituir centenas de servidores-padrão de menor porte.

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A grande vantagem da utilização do Linux nos mainframes, segundo os defensores da idéia, é a possibilidade de rodar diversas aplicações num único equipamento, com custos muito acessíveis. "Não será mais preciso ter uma série de pequenos servidores para rodar diversos bancos de dados. A consolidação num único mainframe gera economia", afirma Marcelo Braunstein, diretor de soluções de Linux para a América Latina da IBM.

O Linux também deu uma renovada no sistema operacional VM, sob o qual ele roda, tornando-o compatível com a maioria das aplicações que já funcionavam com o pingüim. Outra vantagem é a gerência centralizada de várias imagens virtuais Linux, que permitem o acesso a diversas aplicações ao mesmo tempo, como servidores de impressão, de proxy e de banco de dados.

Diversas empresas brasileiras já utilizam seus mainframes com Linux, a começar pelos bancos, que vêem na equação hardware estável + sistema operacional de código aberto uma fórmula muito interessante. De acordo com Arnaldo Pereira Pinto, diretor de sistemas de internet do Itaú, o banco iniciou um projeto piloto com a IBM em setembro do ano passado. Hoje já existem algumas páginas do site do Itaú que rodam no mainframe. "Ainda não colocamos páginas críticas, como as do internet banking, mas já dá para considerar o resultado dos testes muito positivo", diz ele. Para o executivo, no entanto, é prematuro dizer se a solução será ampliada.

Quem já passou da fase de testes, como o provedor de acesso BRFree, também não tem do que reclamar. A companhia é a maior empresa brasileira a utilizar o Linux nos mainframes S/390 da IBM, que contam com 20 processadores em arquitetura de 64 bits, cada um de cerca de 250 MIPS. Segundo o diretor-executivo do BRFree, Leonardo Leonel, a decisão de implementar o Linux foi difícil pela falta de benchmark. "Precisávamos de um equipamento robusto para entrar no mercado e consideramos a grande disponibilidade do mainframe e a flexibilidade do Linux. Há quatro meses no ar, não tivemos problemas", diz ele. Hoje, toda a operação do LigBR (provedor de alta velocidade do BRFree), a começar pelo tráfego de 140 mil usuários por dia, roda no mainframe.

Apesar do sucesso nas aplicações, a utilização do Linux não é recomendada para qualquer tipo de mainframe. Segundo Gustavo Niemeyer, consultor da Conectiva, a perda de performance do Linux nas máquinas mais antigas, anteriores a 1998, é bastante significativa. "O Linux até funciona nesses equipamentos, mas seu desempenho cai de maneira considerável. É melhor optar por máquinas mais recentes", diz ele.

A solução também não é adequada para aplicações que necessitam de um processamento numérico muito intensivo. "Ainda é cedo para prever a comercialização em massa dos mainframes com Linux, mas o futuro é muito promissor", diz Niemeyer. É esperar para ver.

A vez dos desenvolvedores
Um dos fatores que impulsionam a ida do Linux para os mainframes é a oferta de mão-de-obra, uma vez que os programadores para os sistemas mais antigos dos computadores centrais são cada vez mais difíceis de encontrar. Segundo Arnaldo Pereira Pinto, do Itaú, o fato de existir um grande número de desenvolvedores de Linux foi fundamental na hora de topar o projeto piloto. "O Linux tornou a plataforma dos mainframes de fácil utilização. Isso nos permitirá formar mão-de-obra qualificada e estudar o uso do sistema em grande escala", afirma.

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