STF julga artigo 19 do Marco Civil e reacende debate sobre regulação das redes sociais
Decisão pode redefinir responsabilidade das plataformas e sinaliza impasse entre Judiciário e Legislativo sobre regras do ambiente digitalt
Repórter
Publicado em 26 de novembro de 2024 às 15h42.
Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 15h43.
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia na quarta-feira (27) o julgamento de três ações que questionam a regulamentação das redes sociais e trechos do Marco Civil da Internet.
Os processos, com repercussão geral, têm potencial para influenciar decisões futuras.
Além disso, o STF avaliará se o bloqueio do WhatsApp por decisões judiciais viola direitos como a liberdade de expressão e o princípio da proporcionalidade, em caso relatado por Edson Fachin.
Responsabilidade e inércia legislativa
A tramitação do Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, foi travada na Câmara por resistência de setores da bancada conservadora, deixando o tema sem avanço.
Essa inércia forçou o STF a atuar no tema, o que levou a críticas de ativismo judicial. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto, considera que o Supremo agiu com cautela, mas que o impasse no Congresso prejudica a regulamentação de plataformas.
Plataformas como Meta e Google alegam que já adotam medidas robustas para moderação de conteúdo e que ampliar a responsabilização sem necessidade de ordem judicial pode levar à censura prévia e comprometer a liberdade de expressão. Contudo,o artigo 19 envelheceu rápido frente à massificação de abusos online.
Modelos internacionais como o Digital Services Act europeu e a NetzDG alemã são frequentemente citados, mas importá-los sem adaptações pode ser problemático. Enquanto o DSA entrou em vigor em 2024 e ainda carece de testes mais aprofundados, a NetzDG enfrenta críticas por inspirar legislações em regimes autoritários que restringem liberdades básicas.
No Brasil, o desafio é modernizar a regulação das plataformas sem comprometer direitos fundamentais como a liberdade de expressão.
O julgamento no STF pode marcar um divisor de águas, mas qualquer decisão precisará equilibrar proteção democrática e inovação tecnológica.