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Renúncia de Case devolve comando do grupo à Time Warner

A renúncia de Steve Case à presidência do conselho de administração da AOL Time Warner pôs fim a um disputa interna que se arrastava havia meses na maior empresa de mídia e entretenimento do mundo. Com a saída de Case, toda a alta direção do conglomerado está nas mãos de veteranos da velha guarda da […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h43.

A renúncia de Steve Case à presidência do conselho de administração da AOL Time Warner pôs fim a um disputa interna que se arrastava havia meses na maior empresa de mídia e entretenimento do mundo. Com a saída de Case, toda a alta direção do conglomerado está nas mãos de veteranos da velha guarda da Time Warner. Com o caminho livre do obstáculo representado por Case, cogita-se desde uma mudança de nome (o AOL desapareceria) até mesmo uma separação do provedor de acesso do grupo (um spinoff). Será que o sonho de construir a empresa de mídia do novo milênio estava equivocado? Será que a idéia de que todos os produtos de informação e entretenimento seriam distribuídos pela Internet, a tal convergência digital, não passou de um golpe de mestre de Case? A pergunta mais importante levantada pela fusão das duas empresas, há três anos, ainda está no ar.

Steve Case, um havaiano de 44 anos, afirma que o tempo vai provar que ele tinha razão. "Não há dúvidas de que, até agora, a fusão foi decepcionante. Mas daqui a dez ou quinze anos, acho que as pessoas olharão para trás e terão uma visão diferente", disse Case numa entrevista concedida à TV americana nesta segunda-feira (13/1). Mas, entre os executivos do grupo Time Warner, o problema de Case era justamente esse: ele passava tempo demais pensando em grandes estratégias para o futuro e tempo de menos se preocupando com o futuro imediato da AOL Time Warner.

Num perfil publicado na edição de janeiro da revista Vanity Fair, Case é descrito como um executivo distante. Nos dois primeiros anos da fusão, ele não teria se aproximado dos diretores da Time Warner. "Não sei se ele lê, não sei se vai ao cinema, não sei se joga bola, não sei se é um esportista. Não tenho a menor idéia", disse um dos altos executivos. "As mais longas seis horas da minha vida eu passei num vôo, sentado ao lado dele", afirmou outro diretor da AOL Time Warner à Vanity Fair. Na AOL, Case era considerado um guru, um visionário tecnológico; entre os cínicos funcionários da Time Warner, ele era apenas mais um chefe.

O entusiasmo gerado pela fusão de 106,2 bilhões de dólares logo se dissipou, principalmente entre os acionistas. Dois meses depois de anunciado o negócio, estourou a bolha da Nasdaq. Ted Turner, que com 3% das ações é o maior acionista individual do grupo, viu sua fortuna pessoal ser reduzida de cerca de 8 bilhões de dólares para 2 bilhões. (Em janeiro de 2000, quando o negócio foi anunciado, as ações da AOL valiam 72 dólares. Um ano depois, quando a fusão foi concluída, os papéis da nova empresa já haviam caído para 47 dólares. No pregão de sexta-feira, estavam cotados a 14,88 dólares).

A batalha para o afastamento de Case foi conduzida por Ted Turner e Gordon Crawford, diretor do Capital Research and Management, um fundo de investimentos especializado em mídia e dono de 7,6% do capital da empresa. Desde meados do ano passado, ambos vinham afirmando publicamente o desejo de afastar Case. O anúncio de sua saída foi feito pelo próprio Case no domingo e pegou o mercado de surpresa. Apesar das pressões, não havia votos suficientes para afastá-lo da presidência do conselho. Case afirmou que sua presença havia se tornado uma "distração" para os negócios da AOL Time Warner. Mas ele permanece ligado à empresa. A partir de maio, Case será o co-responsável pelo comitê de estratégias do conglomerado.

A saída de Case, porém, em nada alivia os problemas da AOL, o maior provedor de acesso do mundo, com 35 milhões de assinantes. Estima-se que as receitas de publicidade online -- a fonte de receitas mais lucrativa da empresa -- sejam de apenas 1,6 bilhão de dólares em 2003, uma queda de mais de 40% em relação aos 2,7 bilhões do ano passado. Além disso, a empresa estpa sob investigação da SEC, o órgão regulador das bolsas dos Estados Unidos, e do Departamento de Justiça. Se depender dos mais fervorosos adversários da fusão, a divisão de Internet, responsável por 20% do faturamento do grupo AOL Time Warner, será separada do negócio principal.

As sinergias prometidas por Case e Gerald Levin, o então executivo-chefe da Time Warner (hoje não mais na empresa), não tornaram-se realidade. Apesar de o site da AOL vender 100 000 assinaturas da revista Time, há poucas evidências de que os dois negócios funcionem melhor juntos. Case é apenas a vítima mais recente do refluzo contra os planos grandiosos dos conglomerados globais de mídia. Jean-Marie Messier, da Vivendi-Universal, e Thomas Middelhoff, da Berteslmann, perderam o emprego no ano passado justamente por não conseguirem provar aos acionistas que a convergência entre a mídia tradicional e a Internet pode até ser inevitável -- mas será que é um bom negócio?

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