Renato Almeida: CEO da Consumer conecta restaurantes a clientes via internet com cardápio digital e sistema de delivery (Consume/Google/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 20 de julho de 2021 às 13h19.
Última atualização em 20 de julho de 2021 às 15h55.
O Google é uma empresa conhecida principalmente pelo seu buscador on-line, mas sua atuação é ampla e muito voltada ao mercado de publicidade digital. No contexto da pandemia, a transformação digital levou empresas, antes restritas ao mundo físico, para a internet, onde a propaganda, como no mundo off-line, também é a alma do negócio. A gigante da tecnologia divulgou hoje seu relatório de impacto econômico no Brasil no ano de 2020, no qual estima ter movimentado 67 bilhões de reais, 0,9% do PIB brasileiro.
O estudo estimou o impacto da busca, do YouTube, da loja de aplicativos Google Play Store e das ferramentas de publicidade, segundo o próprio Google, de forma conservadora, sem considerar, por exemplo, o impacto a terceiros. O valor pago pelo posicionamento privilegiado em buscas na Play Store também ficou de fora.
O levantamento levou em conta apenas o valor investido por empresas e o valor obtido de retorno. O valor de 67 bilhões é 30% maior do que o registrado em 2019 no país.
No total, 207 mil empresas foram beneficiadas pelos serviços do Google no ano passado. Para o Google, suas ferramentas digitais ajudaram negócios a sobreviver durante o ano marcado pela pandemia do novo coronavírus.
“Toda a movimentação foi propiciada em grandes e pequenas empresas, ONGs e editores de sites. Vemos uma relação do crescimento com a pandemia. O grande impulsionador foi a digitalização das empresas de todos os portes“, afirma Fernanda Dória, gerente de negócios com pequenas e médias empresas do Google Brasil, em entrevista para a EXAME.
Para a executiva, a digitalização mostrou a importância das soluções digitais do Google para chegar a novos públicos e descobrir novas fontes de receita.
Um dos segmentados afetados pela pandemia, que levou à necessidade de medidas de restrição de circulação e distanciamento social, foi o de bares e restaurantes. Com isso, empresas de grande reconhecimento popular cresceram, como iFood, Rappi, UberEats e 99 Foods.
Nesse contexto, uma startup de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, se destacou ao promover a conexão com clientes e uma plataforma de delivery sem taxas por pedido. Chamada Consumer, a startup liderada pelo fundador e CEO Renato Almeida chegou a 30 mil clientes ao oferecer ao mercado uma solução de gestão empresarial e um menu digital, que fica em um site que pode ser consultado e usado para realização de pedidos. Na pandemia, a startup teve um aumento de 300% na procura de seus serviços.
“Com a pandemia, evoluímos o nosso cardápio digital, chamado Menu Dino, com envio de promoções e ampliamos a nossa ferramenta de logística, o Smart Delivery. Temos clientes que recebem 800 pedidos por noite. Visitamos alguns deles para entender como eles cuidavam da logística de atendimento e como poderíamos ajudá-los. Com isso, agrupamos os pedidos por localização, o que levou uma redução de até 30% no tempo de entrega. Na sequência, lançamos um app para o entregador, que captura por QR code os pedidos que vai entregar, ajudando a finalizar a contagem de cada noite”, conta Almeida para a EXAME.
Em um projeto piloto realizado em parceria com o Google, a Consumer trabalha agora em uma solução para criação e gestão simplificada de campanhas no Google Ads para estabelecimentos comerciais sem times de marketing.
“O Google nos apresentou para um projeto semelhante nos EUA, mas voltado apenas a parceiros com grande número de clientes. Criamos um projeto manualmente, entendemos o que funciona ou não e buscamos otimizar a campanha com palavras-chave e outros parâmetros. Começamos o piloto, que ficou no ar por três meses e concluímos que ele funcionou. Estamos integrando nossas bases de dados direto nas APIs do Google para automatizar o processo. Entregamos para os clientes uma ferramenta que permite criar campanhas e aumentar suas vendas sem depender dos superapps tradicionais”, diz Almeida.
Para o Google, mesmo depois da pandemia, o mundo nunca mais será o mesmo porque as empresas e os consumidores se tornaram mais digitais.
“O aprendizado que ficará será o uso de plataformas digitais que façam a conexão com clientes. Empresas que tinham lojas físicas limitadas ao bairro e começaram a chegar ao Brasil inteiro ou mesmo a outros países. Temos muitas empresas que tiveram que repensar a conexão com o consumidor e mudar a empresa da porta para dentro, otimizando a gestão de processos. As empresas precisaram se adaptar muito rapidamente e sem planejamento. O que levaria anos para acontecer aconteceu em pouquíssimo tempo”, disse Dória, do Google.