China dominará tecnologia de produção de aviões em dez anos
País terá condições de construir aeronaves de grande porte, capazes de competir com a Boeing e a Airbus, por custos até 30% menores
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h27.
A China, que despontou no mercado internacional com manufaturas baratas e de pouca tecnologia, como brinquedos e artigos têxteis, começará a incomodar em poucos anos setores poderosos, como o da aviação. O país pretende construir, dentro de dez anos, aeronaves de grande porte, capazes de competir com a americana Boeing e a européia Airbus. Segundo a consultoria Booz Allen Hamilton, a intenção tem grandes chances de se concretizar.
"A China já se consolidou como parceira de fornecedores do setor de aviação, mesmo apresentando algumas desvantagens quanto à sua produtividade", afirma o vice-presidente da consultoria Richard Hauser. Essas parcerias são uma ferramenta importante para o país absorver tecnologia aeronáutica e se preparar para vôos mais altos.
A concorrência com as gigantes do setor será intensa e a China terá vantagens competitivas muito fortes, como o baixo custo da mão-de-obra. Mesmo que parte da engenharia e dos sistemas de controle de vôo sejam fornecidos por fabricantes americanos e europeus, o custo de produção de uma aeronave de grande porte poderá ser 30% menor que o de seus concorrentes diretos. Segundo a Booz Allen Hamilton, a diferença será ainda maior se os chineses absorverem melhores técnicas de gestão e produção que as utilizadas atualmente.
Para Hauser, a China ainda não possui condições de construir um avião completo, "mas isso mudará nos próximos dez anos, com a vantagem adicional de que poderá construir uma aeronave sobre uma plataforma tecnológica totalmente inovadora". O resultado será uma indústria aeronáutica de ponta, capaz de auferir lucros do baixo custo de mão-de-obra, gestão moderna de produção, além de tecnologia de ponta.
O consultor afirma que a decisão de Pequim de investir maciçamente nessa indústria, para desenvolver o mercado doméstico, também favorece o setor. Nos próximos 20 anos, cerca de 180 bilhões de dólares devem ser investidos pelo governo e pelas companhias aéreas para adquirir cerca de 2 600 novas aeronaves de diversos tamanhos, a fim de atender à expansão da demanda. Parte dos recursos também irá para a construção de 100 novos aeroportos.
Segundo a Booz Allen Hamilton, em 20 anos a capacidade de transporte aéreo doméstico do país crescerá 13 vezes, para cerca de 1 bilhão de passageiros por ano. Já o tráfego internacional deve subir nove vezes, para 150 milhões de passageiros anualmente.