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A batalha pelo vídeo no PC

A grande ameaça nessa nova era do vídeo é a pirataria

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h32.

Enquanto adormece nalguma gaveta de Brasília a decisão do governo sobre a televisão digital brasileira, está em curso no mundo dos PCs uma batalha pela próxima geração de padrões de codificação de vídeo. Nada a ver com os padrões americano (ATSC), japonês (ISDB-T) e europeu (DVB-T), que disputam a transmissão de TV digital no Brasil. Usados tanto em televisores quanto em PCs, os métodos para compressão e descompressão de vídeo digital, também conhecidos como codecs, são muito mais importantes e, potencialmente, muito mais lucrativos, pois são eles que resolvem o maior problema da digitalização do vídeo.

Trata-se de uma questão simples. Ao ser transformado em arquivo digital, um filme de duas horas gera aproximadamente 40 bilhões de bits de dados (o equivalente em informação a 5 bilhões de letras do alfabeto). Se fossem transmitidos pelas melhores linhas de banda larga disponíveis, todos esses bits levariam aproximadamente um dia inteiro para chegar de um provedor ao assinante. É aí que entram os codecs. Por meio de fórmulas matemáticas, eles tentam reduzir o tamanho desses arquivos de modo que possam ser transmitidos em tempo real, ainda que com prejuízo da qualidade de imagem. A batalha pelo melhor codec de vídeo pode decidir quem vai mandar no mundo do entretenimento digital neste início de século.

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Eis os principais contendores: de um lado do ringue, com apoio de Apple, RealNetworks e das operadoras de telefonia celular, o padrão MPEG-4, desenvolvido pelos 23 membros do Moving Pictures Experts Group, também responsáveis pelo padrão de áudio MPEG-3, ou MP3. Do outro lado do ringue, sozinha, a onipresente Microsoft, com seu codec Windows Media. O MPEG-4 é, na opinião de analistas do Yankee Group, o melhor codec já feito para vídeo, capaz de transmitir a melhor qualidade de imagem em canais com a menor velocidade de transmissão. Nem todos concordam. Seja como for, a Apple afirma que, 100 dias depois do lançamento em julho, mais de 25 milhões de PCs já haviam feito download do player QuickTime versão 9, o primeiro compatível com MPEG-4.

Em tecnologia, porém, nem sempre vence o primeiro ou o melhor. O padrão da Microsoft já vem embutido em todos os PCs com Windows. E nada garante que ele não possa ser aperfeiçoado com o tempo. Os defensores do MPEG-4 podem ter um destino semelhante ao da própria Apple e da Netscape num passado não tão distante. Mas o maior obstáculo ao avanço do MPEG-4, porém, parece vir do próprio que o desenvolveu. Para evitar que se repetisse a história do MP3 -- uma vez tornado público, o padrão se transformou numa febre, mas não reverteu em um tostão para os criadores --, o Moving Pictures Experts Group resolveu desta vez adotar termos de licenciamento tão draconianos que a própria Apple demorou a fechar o contrato que permitia o uso do MPEG-4.

A RealNetworks, cujo RealPlayer já está em cerca de 30 milhões de micros, resolveu recentemente adotar uma estratégia de combate completamente diferente: lançou a Helix, uma iniciativa para desenvolvimento de um player de código aberto, compatível com qualquer codec. Assim como o sistema Linux, a Real pretende que a Helix cresça com base em modificações e aperfeiçoamentos feitos pela própria comunidade de usuários e desenvolvedores. Também há gente, como o grupo Xiph.org, apostando que um codec totalmente aberto e público é, a exemplo do MP3, aquele que tem mais chance de se tornar um padrão de sucesso. Se a pirataria de áudio se tornou assustadora com o MP3, é impossível prever o que ainda pode acontecer no mundo do vídeo.

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